Amostras de um estudo que leva a crer que o coronavírus estava circulando fora da China em outubro de 2019 foram reanalisadas a pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS), disseram dois cientistas que comandaram a pesquisa italiana.
Existe uma pressão internacional crescente para se descobrir mais sobre a origem da pandemia que já matou mais de três milhões de pessoas em todo o mundo. Na semana passada, o presidente norte-americano, Joe Biden, ordenou que seus assistentes encontrem respostas
A OMS reagiu ao anúncio de Biden de que agências de inteligência estão estudando teorias alternativas, incluindo a possibilidade de um acidente em um laboratório da China, dizendo que a pesquisa está sendo "envenenada pela política".
A Covid-19 foi identificada primeiramente na cidade chinesa central de Wuhan em dezembro de 2019, e o primeiro paciente italiano foi detectado em 21 de fevereiro do ano passado em uma cidade pequena próxima de Milão.
Mas um estudo publicado em 2020 levou a crer que anticorpos do vírus ou de uma variante foram detectados na Itália em 2019.
Isto levou a mídia estatal chinesa a insinuar que o vírus pode não ter se originado na China, mas os pesquisadores italianos enfatizaram que as descobertas provocam dúvidas sobre quando o vírus surgiu, e não onde.
"A OMS nos perguntou se poderíamos compartilhar o material biológico e se poderíamos refazer os exames em um laboratório independente. Aceitamos", disse Giovanni Apolone, diretor científico de uma das instituições de destaque, o Instituto do Câncer de Milão (INT).
O pedido da OMS não foi relatado anteriormente.
"A OMS está em contato com os pesquisadores que publicaram o estudo original. Uma colaboração com laboratórios parceiros foi criada para exames adicionais", disse um porta-voz da agência.
Ele disse que a OMS está ciente de que os pesquisadores estão planejando publicar um relatório suplementar "no futuro próximo".
O porta-voz ainda disse que a agência contatou todos os pesquisadores que publicaram ou forneceram informações sobre amostras coletadas em 2019 que foram relatadas como positivas para SARS-CoV-2, mas que ainda não tem a interpretação final dos resultados.
As conclusões dos pesquisadores italianos, publicadas na revista científica do INT, Tumori Journal, mostraram anticorpos neutralizadores do SARS-CoV-2 em sangue colhido de voluntários saudáveis durante uma triagem de câncer de pulmão na Itália em outubro de 2019.