Onde está Wilson? Cachorro herói que ajudou a encontrar crianças na Colômbia segue desaparecido

O Exército colombiano informou que pegadas do animal foram encontradas junto com marcas que poderiam ser das crianças

10 jun 2023 - 08h39

O cachorro Wilson, um pastor belga de 6 anos que participava das buscas pelas crianças desaparecidas após a queda de um avião na Colômbia há 40 dias, continua desaparecido.

O pastor belga Wilson, do Exército da Colômbia, um dos dez cães que participaram do resgate das crianças, se perdeu na selva colombiana
O pastor belga Wilson, do Exército da Colômbia, um dos dez cães que participaram do resgate das crianças, se perdeu na selva colombiana
Foto: Exército da Colômbia/via Twitter/Reprodução / Estadão

O animal ajudou a localizar o avião e os corpos dos três adultos que morreram. Os membros das forças especiais mantiveram a esperança de que Wilson estivesse com as crianças perdidas na selva. Quatro dos dez cães que participaram do resgate foram perdidos.

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Na sexta, 9, as quatro crianças foram encontradas com vida. Eles pertencem à etnia indígena uitoto e têm 13, nove e quatro anos, além de um bebê de 11 meses, que completou um ano durante o período na selva.

Segundo o jornal El Tiempo, o Exército colombiano informou que pegadas do animal foram encontradas junto com marcas que poderiam ser das crianças. Mas, no momento do resgate, o cachorro não estava com elas.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse neste sábado, 10, que não há novas informações a respeito de Wilson, e o mistério sobre seu paradeiro virou assunto nas redes sociais.

Segundo o jornal colombiano Cambio, Wilson foi solto na quarta-feira da semana passada em uma área para tentar encontrar as crianças e, até o momento, não havia regressado, apesar do seu treinamento.

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No entanto, a descoberta de Wilson levantou novas questões, porque não havia vestígios das quatro crianças. Dois dias depois, as descobertas de Wilson chocaram o país. O cachorro encontrou uma garrafa no meio da selva, que pertencia a uma das crianças.

Ulises, outro dos cachorros, encontrou um campo improvisado, feito pelas crianças. Essas descobertas foram essenciais para manter a esperança e a busca que o mundo tem hoje diante de uma história claramente difícil de acreditar, de que quatro pequeninos sobreviveram 40 dias em uma das selvas mais densas do mundo.

Dia mágico

A notícia do desaparecimento das crianças correu o mundo, com vídeos e fotografias do exército das operações diárias de busca, nas quais foram encontrados abrigos improvisados com galhos, tesouras, grampos de cabelo, sapatos, roupas, uma garrafa, frutas mastigadas e pegadas.

"Hoje tivemos um dia mágico que, sem dúvida, nos enche de alegria. Chegando perto e tocando a paz no acordo que está avançando com o ELN. E agora eu retorno e a primeira notícia é que as comunidades indígenas que estavam na busca e as forças militares encontraram as crianças", disse Petro aos repórteres ao retornar de Cuba, onde assinou uma trégua de seis meses com os guerrilheiros do ELN.

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A busca foi difícil devido à densa vegetação da área, com árvores de até 40 metros de altura, à presença de onças e cobras e à chuva constante que impede que as pessoas ouçam possíveis pedidos de ajuda.

"Eu só quero vê-los, tocá-los", disse à AFP Fidencio Valencia, avô das crianças, que estava esperando notícias com a avó, Fátima, da cidade de Villavicencio.

Durante a busca, os militares carregavam alto-falantes com uma mensagem na língua materna das crianças indígenas, pedindo que parassem para que pudessem localizá-las.

Segundo o exército, as tropas percorreram 2.656 quilômetros para tentar localizar as crianças. Duas vezes a distância equivalente à distância entre Bogotá e Quito, a capital do Equador.

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Dezenas de pessoas uniformizadas e indígenas tiveram que ser substituídas durante a operação devido ao clima e ao terreno difíceis.

Nas últimas semanas, o General Sanchez insistiu que as crianças estavam vivas e próximas aos homens uniformizados, embora tenha admitido que sua viagem era "implausível". Elas acabaram sendo encontradas a apenas cinco quilômetros do local onde o avião caiu.

Irmãos receberam cuidados de equipe de resgate formada por militares e indígenas.
Foto: Fuerzas Militares de Colombia/Divulgação / Estadão

Sabedoria indígena

Para Petro, "o que os salvou foi o aprendizado que tiveram com as famílias indígenas, por viverem na selva".

Nessa região, de difícil acesso por via fluvial e sem estradas, as pessoas costumam viajar em aviões particulares.

Conforme a Organização Indígena da Colômbia, os Huitotos, que são nativos da região, vivem em "harmonia" com as condições hostis da Amazônia e preservam tradições como a caça, a pesca e a coleta de frutas silvestres.

As crianças embarcaram no avião com sua mãe em 1º de maio para fugir dos dissidentes do acordo de paz entre as FARC e o governo, que estão recrutando e aterrorizando os habitantes da região, disse o general Sanchez.

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Wilson, um cão farejador que se perdeu durante as operações de busca, continua desaparecido, disse Petro aos repórteres./AP, EFE, AFP

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