ONGs estrangeiras suspendem atividades no Afeganistão

Medida é reação a veto contra mulheres por parte do Talibã

25 dez 2022 - 10h22
(atualizado às 10h43)

Três ONGs estrangeiras anunciaram neste domingo (25) a suspensão de suas atividades no Afeganistão devido à decisão do Talibã de proibir funcionárias mulheres em entidades internacionais.

Refugiados afegãos no Paquistão protestam contra repressão a mulheres pelo Talibã
Refugiados afegãos no Paquistão protestam contra repressão a mulheres pelo Talibã
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Em um comunicado, as ONGs Save the Children, Norwegian Refugee Council e Care International afirmaram que vão suspender seus programas até "que esse anúncio seja esclarecido" e pediram que "homens e mulheres possam igualmente continuar a salvar vidas no Afeganistão".

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"Não podemos efetivamente alcançar crianças, mulheres e homens em necessidade no Afeganistão sem nossas equipes femininas", ressaltaram as entidades.

No último sábado (24), o regime Talibã emitiu uma ordem proibindo mulheres de trabalharem em ONGs estrangeiras, apenas quatro dias depois de os fundamentalistas islâmicos terem banido estudantes do sexo feminino em universidades.

O governo afegão ameaçou inclusive suspender as licenças de entidades que não se adequarem à nova regra. O Talibã alega que vinha recebendo "reclamações graves" sobre funcionárias das ONGs que não respeitavam o código de vestimenta islâmico.

O grupo voltou ao poder no Afeganistão em agosto do ano passado, após a caótica retirada das tropas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e havia prometido ser mais flexível em relação às mulheres.

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No entanto, aos poucos começou a implantar medidas cada vez mais rígidas, se reaproximando do regime linha dura que marcou o domínio talibã no país entre 1996 e 2001.

"A União Europeia condena firmemente a recente decisão dos talibãs de proibir mulheres de trabalharem em ONGs nacionais e internacionais", disse um porta-voz do alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell.

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