O enviado especial das Nações Unidas (ONU) para a Líbia, Ghassan Salamé, anunciou nesta quinta-feira (28) um acordo entre os dois líderes que dividem o comando do país africano, Fayez al Sarraj e Khalifa Haftar, para realizar eleições.
Reunidos em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, Sarraj e Haftar disseram estar de acordo sobre a necessidade de "concluir essa fase de transição por meio de eleições gerais e sobre as maneiras de preservar a estabilidade da Líbia e manter unidas suas instituições". Eles não falaram em prazos.
Essa não é, no entanto, a primeira vez que os dois lados anunciam um acordo para solucionar as divisões no país. Em 2017, após negociações mediadas pelo presidente da França, Emmanuel Macron, Sarraj e Haftar falaram em organizar eleições no primeiro semestre de 2018, plano que não se concretizou.
Já no fim do ano passado, a Itália realizou uma conferência internacional sobre a Líbia, mas o evento acabou boicotado por Haftar, que participou apenas de compromissos informais. "Estamos acompanhando com atenção, é o principal assunto de nossa política externa. Esperamos pelo bem, mas digo isso com toda a cautela", declarou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.
A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e enfrentou diversos anos de conflitos entre milícias. Atualmente, os polos de poder se organizam em torno de Sarraj, primeiro-ministro de um governo parlamentar sediado em Trípoli, e do general Haftar, chefe da principal força armada do país, baseada em Tobruk.
A fragmentação abriu caminho para a atuação de traficantes de seres humanos e deu combustível para a crise migratória no Mediterrâneo.