O político de oposição russo Alexei Navalny foi envenenado com um agente químico neurotóxico, anunciou nesta quarta-feira (02) o porta-voz do governo alemão Steffen Seibert.
Uma substância do grupo de agentes neurotóxicos novichok foi comprovada "de modo inequívoco" por um laboratório especial, a pedido do Hospital Universitário Charité de Berlim, onde Navalny está sendo tratado.
O governo alemão falou de um ataque que condenou "da forma mais veemente possível" e ressaltou que o Kremlin é agora "solicitado a comentar o assunto com urgência".
Segundo Seibert, a Alemanha vai discutir uma "reação conjunta apropriada" com seus parceiros na União Europeia (UE) e na Otan. Ele adiantou também que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, consultou vários ministros e o chefe da Chancelaria, Helge Braun, para coordenar as próximas medidas a serem adotadas.
Através de comunicado, Seibert informou que os exames foram realizados num laboratório militar alemão especializado em farmacologia e toxicologia e que os testes mostraram a presença de "um agente químico neurotóxico do grupo novichok".
Este grupo de agentes nervosos está associado à tentativa de assassinato de Serguei Skripal, um ex-espião russo, e da sua filha Yulia que foram envenenados em 2018 no Reino Unido. A substância foi desenvolvida pelos militares soviéticos entre os anos 1970 e 1980.
Navalny, que está em coma induzido, mas em estado considerado estável, no Hospital Universitário Charité, chegou para tratamento em Berlim no último dia 22, após uma disputa entre seus apoiadores e autoridades russas que, inicialmente, não permitiram que ele viajasse ao país europeu para receber tratamento. Dois dias depois a chegada dele, o Charité informou que exames apontaram sinais de envenenamento em seu organismo.
Os médicos não puderam confirmar especificamente qual era a substância, mas afirmaram na ocasião que novos exames seriam realizados, e que os efeitos da substância tóxica no corpo de Navalny foram comprovados várias vezes por laboratórios independentes. O ativista anticorrupção havia sido transferido da Rússia para a capital alemã a pedido de sua família.
Um dos maiores críticos do governo do presidente Vladimir Putin, chegou à Alemanha após passar dias internado em uma unidade de terapia intensiva de um hospital em Omsk, na Sibéria, para onde fora levado após se sentir mal durante um voo entre a cidade siberiana de Tomsk e Moscou. A aeronave precisou fazer um pouso de emergência, e o ativista foi levado ao hospital.
Inicialmente, os médicos russos haviam vetado o traslado do ativista, alegando que seu estado crítico de saúde não permitia a remoção. Apoiadores de Navalny denunciaram a recusa como uma tentativa do governo russo de protelar a transferência até que indícios de envenenamento não pudessem mais ser rastreados em seu corpo.