Órgão da Índia diz que matéria da Reuters sobre Foxconn levanta preocupações sobre discriminação

1 jul 2024 - 10h09

O órgão de vigilância dos direitos humanos da Índia disse nesta segunda-feira que pediu às autoridades do governo que examinassem suposta discriminação pela Foxconn, depois que uma investigação da Reuters apontou que a principal fornecedora da Apple tem rejeitado mulheres casadas nos trabalhos de montagem do iPhone no país.

Em um comunicado, a Comissão Nacional de Direitos Humanos (NHRC) afirmou que emitiu avisos para secretaria do Ministério do Trabalho do primeiro-ministro Narendra Modi e para o secretário-chefe do governo estadual de Tamil Nadu, local de uma grande fábrica do iPhone, solicitando um relatório detalhado dentro de uma semana.

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"O NHRC observa que o assunto, se for verdadeiro, levanta uma questão séria de discriminação contra mulheres casadas, causando a violação do direito à igualdade e à igualdade de oportunidades", afirmou.

A matéria da Reuters provocou debates em canais de TV, editoriais de jornais, apelos de grupos de mulheres, inclusive dentro do partido de Modi, bem como de partidos de oposição para investigar o assunto. O governo federal de Modi também solicitou ao Estado de Tamil Nadu um "relatório detalhado".

O Ministério do Trabalho de Modi, a Apple e a Foxconn, sediada em Taiwan, não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. Um porta-voz do governo de Tamil Nadu encaminhou perguntas ao departamento de trabalho, que não respondeu.

A investigação da Reuters descobriu que a Foxconn excluía sistematicamente as mulheres casadas dos empregos em sua principal fábrica de iPhone na Índia, alegando que elas têm mais responsabilidades familiares do que suas pares solteiras. Os agentes de contratação da Foxconn e fontes de RH citaram deveres familiares, gravidez e maior absenteísmo como motivos para não contratar mulheres casadas.

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Em resposta à investigação, publicada na semana passada, a Apple e a Foxconn reconheceram falhas nas práticas de contratação em 2022 e disseram que trabalharam para resolver as questões. Todas as práticas discriminatórias documentadas pela Reuters na fábrica de Tamil Nadu, no entanto, ocorreram em 2023 e 2024. As empresas não abordaram esses casos.

A Foxconn disse que "refuta vigorosamente as alegações de discriminação no emprego com base no estado civil, gênero, religião ou qualquer outra forma".

A Apple afirmou que todos os seus fornecedores, incluindo a Foxconn, contratam mulheres casadas e "quando as preocupações com as práticas de contratação foram levantadas pela primeira vez em 2022, imediatamente tomamos medidas e trabalhamos com nosso fornecedor para realizar auditorias mensais para identificar problemas e garantir que nossos altos padrões sejam mantidos".

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