EUA anunciam morte de porta-voz americano da Al-Qaeda

Adam Gadahn, conhecido como "Azzam, o americano", converteu-se com apenas 17 anos e se tornou um dos principais nomes do grupo jihadista

23 abr 2015 - 14h54
(atualizado às 18h13)

Adam Gadahn, porta-voz da Al-Qaeda morto em uma operação americana em janeiro, teve uma infância pouco comum na Califórnia antes de se voltar para a religião muçulmana e se radicalizar, a ponto de se tornar uma das principais personalidades do grupo jihadista.

Californiano Adam Gadahn se tornou um conhecido porta-voz da Al-Qaeda
Californiano Adam Gadahn se tornou um conhecido porta-voz da Al-Qaeda
Foto: FBI / Reuters

Gadahn, de 36 anos, era um dos mais visados porta-vozes da Al-Qaeda. Ele era procurado por Washington por traição e envolvimento em "atos terroristas". Discursava regularmente na internet, em árabe e inglês, para pregar a jihad antiamericana.

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No outono de 2010, por exemplo, na revista jihadista em inglês "Inspire", publicada pelo braço da Al-Qaeda no Iêmen, o jovem, apelidado de "Azzam, o americano", evocava "os deveres do jihadismo individual".

Além disso, em um vídeo intitulado "Você é responsável apenas por si mesmo", ele declarou: "os muçulmanos no Ocidente deve saber que estão perfeitamente posicionados para desempenhar um papel decisivo na jihad contra os sionistas e os cruzados. Então, o que estão esperando?".

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Em junho de 2010, em outro vídeo, ele exigiu que Barack Obama retirasse "todos os seus soldados, espiões, conselheiros de segurança, instrutores, empresários, robôs, drones e qualquer funcionário americano, navios e aeronaves de todos os países muçulmanos do Afeganistão a Zanzibar".

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Ele também pediu para que os Estados Unidos parassem de interferir nos assuntos dos muçulmanos e com seu apoio, "tanto moral quanto material", a Israel, além de exigir a libertação dos prisioneiros muçulmanos.

Um apelo parecido ao lançado em 2007 por "Azzam" ao ex-presidente George W. Bush.

Em 2011, Adam Gadahn indicou que nos Estados Unidos os muçulmanos podem, como qualquer pessoa, adquirir muito facilmente armas automáticas sem ter que apresentar sequer um documento de identidade: "É importante atacar a paixão belicosa de nossos inimigos covardes alvejando figuras públicas influentes na mídia, governos e economias sionistas e cruzados".

Adam Gadahn conhecia muito bem os Estados Unidos, uma vez que nasceu e passou sua infância na Califórnia, filho de um pai músico de origem judaica. Mas a infância do jovem não foi nada comum: seu pai se converteu ao cristianismo antes de partir para se estabelecer em uma fazenda isolada onde Adam não foi escolarizado, sendo educado por seus pais em casa.

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Aos 15 anos de idade, mudou-se para casa de seus avós em Santa Ana, na Califórnia, onde sua família o descrevia como um adolescente comum, fã de death metal e de cabelos longos.

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"Adam era um adolescente adorável, carinhoso e inteligente", disse em 2004 sua tia Nancy Pearlman. "Ele ouvia hard rock, mas parou quando se voltou para a religião".

Aos 17 anos, Gadahn se converteu ao Islã: "Descobri que as crenças e práticas desta religião correspondiam a minha visão da teologia e do intelecto, bem como à lógica humana", escreveu em um post no site da uma universidade da Califórnia.

Sua conversão parece ter ocorrido depois que passou a frequentar o Centro Islâmico de Orange, em um subúrbio de Los Angeles, onde dois pregadores extremistas oficiavam, Khalil Deek e Hisham Diab.

Adam Gadahn teria deixado os Estados Unidos em 1998. Ele não deu nenhum sinal de vida para sua família até alguns meses após os atentados de 11 de setembro de 2001, ao anunciar a seus parentes que havia se casado com uma refugiada afegã.

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Em 2004, Gadahn apareceu em um vídeo, onde um certo "Azzam, o americano", mascarado, ameaçava os Estados Unidos com novos ataques terroristas. Em seguida, apareceu, sempre com o rosto escondido, em outra gravação na qual defendia a jihad.

Então, em 2006, mostrou-se abertamente pela primeira vez em um vídeo ao lado do número dois da Al-Qaeda na época, Ayman al-Zawahiri. Em seguida, passou a participar regularmente em muitos dos vídeos de propaganda da Al-Qaeda.

O Departamento de Justiça anunciou, em 2006, ter acusado Gadahn de traição, a primeira vez que tal acusação foi movida contra um cidadão americano desde a Segunda Guerra Mundial.

As autoridades americanas anunciaram nesta quinta-feira a morte de Gadahn durante uma operação americana em janeiro, na qual ele não era o alvo específico.

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