O governo do Afeganistão considerou nesta terça-feira como "falsas e injustas" as denúncias de militares americanos sobre os supostos abusos sexuais cometidos pelas forças de segurança afegãs com a conivência do exército dos Estados Unidos.
O jornal "The New York Times" e a emissora "Fox News" denunciaram na segunda-feira a suposta política do exército americano de ignorar abusos sexuais a menores praticados pelos aliados afegãos, uma prática conhecida no país asiático como "bacha bazi" ou "jogo com meninos".
"Negamos estas alegações falsas e injustas", disse o Ministério do Interior afegão em comunicado.
A nota divulgada afirma que a pedofilia não faz parte da cultura do país, ao contrário do que denunciaram militares dos Estados Unidos aos à imprensa.
"A pedofilia não é apenas um ato atroz, mas também um crime no Código Civil afegão e a polícia nacional e local são obrigadas a evitar esses atos", segundo o Ministério.
As autoridades afegãs indicaram na nota que as entrevistas dos militares à imprensa "não são oficiais", são "antigas" e "carecem de credibilidade".
O Ministério do Interior afegão ressaltou seu compromisso "de tomar ações contra os que cometerem atos de pedofilia, ato que não é tolerado na polícia", e lembrou como "prova" que nos dois últimos anos foram detidos 108 agentes por violação da lei.
O comandante da Otan e das forças de segurança dos EUA no Afeganistão, o general John Campbell, também respondeu a essas acusações hoje e declarou que não existe uma política de ignorar os supostos abusos sexuais a menores praticados por seus aliados afegãos.
O jornal nova-iorquino contou a história de Gregory Buckley, um soldado morto em um ataque no Afeganistão em 2012 que, antes de morrer, denunciou em uma ligação ao pai que podia ouvir como os policiais afegãos abusavam sexualmente de crianças que levavam para sua base.
"Pela noite podemos ouvi-los gritar, mas não nos permitem fazer nada a respeito", declarou Buckley a seu pai, que repassou as informações ao jornal.
As revelações de "The New York Times" e "Fox" geraram grande polêmica nos EUA, a ponto da Casa Branca se declarar "muito preocupada" pela segurança dos meninos afegãos.
O Pentágono se defendeu assegurando que jamais teve uma política de pedir que os militares "ignorem abusos contra os direitos humanos", embora em comunicado enviado à "Fox" um porta-voz das forças americanas no Afeganistão afirmou que não se exige dos soldados informações sobre casos de abusos a menores.