Apesar de ataques talibãs, afegãos elegem presidente

14 jun 2014 - 15h43
(atualizado às 15h45)

Milhões de afegãos compareceram às urnas neste sábado para votar na eleição presidencial, apesar dos ataques talibãs, que causaram mais de 100 mortes.

Cerca de 52% do eleitorado votou para eleger o substituto de Hamid Karzai, presidente que dirigiu o país nos últimos 13 anos, segundo uma estimativa oficial da Comissão Eleitoral. Isso representa sete milhões de afegãos, um êxito em um país ainda marcado pela violência, insegurança e corrupção. Ao longo do dia, morreram "onze policiais, quinze soldados e vinte civis, assim como sessenta insurgentes", declarou o ministro do Interior, Omar Daudzai, em coletiva de imprensa. "Houve vítimas em nossa fileiras, mas o inimigo não conseguiu frear o processo eleitoral", acrescentou.

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Com esta eleição, será a primeira vez na história do país que dois presidentes afegãos eleitos democraticamente se alternam no poder. Os afegãos foram convocados a escolher entre o ex-ministro das Relações Exteriores e principal favorito, Abdullah Abdullah, de 53 anos, que foi porta-voz do célebre comandante Masud, e o ex-economista do Banco Mundial Ashraf Ghani, 65 anos, que obtiveram no primeiro turno, em 5 de abril, 45% e 31,6% dos votos, respectivamente.

"Apesar das imensas dificuldades, esta eleição foi organizada com êxito", declarou em coletiva de imprensa o chefe da Comissão Eleitoral, Ahmad Yusuf Nuristani. Os dos candidatos votaram pela manhã em Kabul e se comprometeram a lutar contra a corrupção e a desenvolver a economia de seu país, que ainda depende da ajuda internacional. Ignorando as ameaças dos talibãs, os eleitores se mobilizaram em todo o país e mostraram com orgulho a tinta antifraude nos dedos.

"Foram ouvidas explosões na cidade, mas isso não nos deu medo, não nos impedirão de votar para decidir o futuro do país", disse em Cabul Ahmad Jawid, 32 anos. Um importante dispositivo de segurança foi visto nas ruas da capital, patrulhada por forças afegãs em "alerta máximo" e decididas a repelir qualquer ataque dos talibãs. No total, cerca de 400 mil soldados e policiais foram posicionados em todo o país, e a Força Internacional da OTAN no Afeganistão (ISAF) estava preparada para intervir, se necessário.

"Vim votar, para que meu voto ajude a mudar algo em nossas vidas", declarou à AFP Janat Gul, um comerciante de 45 anos que fazia fila em um colégio eleitoral da cidade. "Votarei no candidato que recuperará nossa economia, criará empregos e mudará nosso dia a dia. Se a economia funcionasse bem, não haveria insurreição, e o povo estaria ocupado trabalhando, em vez de lutando", disse. O atual presidente votou pela manhã, em uma escola próxima ao palácio presidencial. "Vá votar, que todos vão votar", declarou Karzai, dirigindo-se aos afegãos.

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Abdullah Abdullah, que, no primeiro turno, obteve 13 pontos de vantagem sobre seu principal rival, parecia ter a vitória ao alcance das mãos. Em 2009, perdeu no segundo turno para Karzai, devido, segundo ele, a fraudes orquestradas pelo presidente. "Não podemos aceitar nem uma só cédula fraudulenta a nosso favor, e esperamos que os outros digam o mesmo", disse Abdullah, dirigindo-se a seu adversário.

Os resultados provisórios do segundo turno, que acontece dois meses depois do primeiro, devem ser conhecidos no dia 2 de julho, e os resultados definitivos, no dia 22 do mesmo mês. O próximo presidente afegão assumirá no dia 2 de agosto, e o primeiro desafio que terá que solucionar é o da assinatura de um tratado bilateral de segurança com os Estados Unidos que permita manter em território afegão cerca de 10 mil militares norte-americanos.

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