Barack Obama autoriza bombardeios no norte do Iraque
"Nós podemos agir, com cuidado e responsabilidade, para evitar um potencial ato de genocídio", disse Obama, em referência às minorias religiosas sitiadas no norte do Iraque pelo avanço das forças do Estado Islâmico
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira que autorizou ataques a posições do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), além de uma operação humanitária de assistência aos deslocados no norte do Iraque.
Muitas das pessoas que se escondem nas montanhas de Sinjar há cinco dias em um calor insuportável, sem água ou alimentos, são yazidis, uma minoria religiosa com 4.000 anos de antiguidade.
Obama diz ainda que as Forças Armadas lançaram por via aérea pacotes de ajuda humanitária para minorias religiosas ameaçadas pelos extremistas.
“Hoje, a América está vindo para ajudar”, diz Obama em anúncio na Casa Branca. Os ataques representam o maior engajamento no Iraque desde que as tropas americanas deixaram o país em 2011, após quase uma década de guerra.
"Nós podemos agir, com cuidado e responsabilidade, para evitar um potencial ato de genocídio", disse Obama, em referência às minorias religiosas sitiadas no norte do Iraque pelo avanço das forças do Estado Islâmico.
"Eu, então, autorizei ataques aéreos seletivos para auxiliar as forças do Iraque a romper o cerco e proteger os civis encurralados". Obama acrescentou que aviões americanos já estão lançando alimentos e água para os iraquianos que fogem do avanço do Estado Islâmico.
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"Quando enfrentamos uma situação como nesta montanha, com pessoas inocentes encarando a expectativa de uma violência em escala terrível; quando temos a ordem de ajudar - e neste caso há um pedido do governo iraquiano - e quando temos a capacidade de ajudar para evitar um massacre, então acredito que os Estados Unidos não podem fazer vista grossa".
Relutante em enviar tropas norte-americanos para Oriente Médio novamente após custosas guerras no Iraque e Afeganistão, Obama disse ter aprovado um limitado uso do poderio aéreo para proteger pessoal dos EUA caso os militantes do Estado Islâmico continuem a se aproximar de Arbil.
Obama reafirmou que não enviará tropas americanas para o Iraque, dois anos e meio depois da retirada dos soldados dos EUA do país. "Como comandante em chefe não permitirei que os Estados Unidos se vejam envolvidos em outra guerra no Iraque", disse.
"Mesmo quando apoiamos os iraquianos que lutam contra estes terroristas, as tropas de combate americanas não voltarão a lutar no Iraque, porque não há solução militar para a crise maior que afeta este país", concluiu Obama.
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Um funcionário da Defesa americano confirmou que teve início uma missão para salvar os que permaneciam sitiados nas montanhas lançando alimentos cruciais e água, mas um morador de Sinjar interrogado por telefone nesta sexta-feira disse que a ajuda ainda não chegou.
"Nada aterrissou nesta parte da montanha. Precisamos de todo tipo de ajuda, comida e água. Há muitas crianças aqui", declarou este homem que se refugiou com sua família em uma gruta.
Fotos da Reuters tiradas na quinta-feira mostraram uma bandeira negra dos insurgentes erguida sobre um posto de controle a apenas 45 quilômetros de Arbil, a menor distância a que chegaram da capital econômica da região, com 1,5 milhão de habitantes.
O anúncio de Obama foi feito após uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU convocada pela França, que também ofereceu apoiar as forças que combatem os jihadistas.
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, aprovou nesta sexta-feira a decisão americana, mas descartou se somar à operação. "Não estamos planejando uma intervenção militar", afirmou um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro.
Ajuda da Igreja Católica aos cristãos iraquianos
O papa Francisco enviará ao Iraque o cardeal Fernando Filoni, antigo núncio neste país, para apoiar a população que foge devido ao avanço dos jihadistas, anunciou nesta sexta-feira o Vaticano.
O porta-voz do Pontífice indicou que "diante da grave situação, o Santo Padre nomeou o cardeal Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, como seu enviado com o objetivo de expressar sua proximidade espiritual com as populações que sofrem e fornecer a solidariedade da Igreja".
Com informações da EFE, AFP, Reuters e do Washington Post.
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06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
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08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
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08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
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10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
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10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
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11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
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11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
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11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
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12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
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12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
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12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
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12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
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12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
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12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
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12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
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15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
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16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
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16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
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19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
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19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
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19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
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19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
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20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
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20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
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22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante