O primeiro ministro do Iraque, Nouri Maliki, disse à BBC que apoia o ataque aéreo contra militantes islâmicos na fronteira entre o Iraque e a Síria, ocorrido nesta terça-feira.
Maliki declarou seu apoio ao bombardeio, que segundo ele, foi realizado no lado sírio.
O ataque aéreo acontece no mês em que o grupo militante Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, sigla em inglês) e seus aliados sunitas dominaram grandes partes do Iraque.
O correspondente da BBC em Irbil, no norte do Iraque, Jim Muir, avalia que o apoio de Maliki aos ataques aéreos sírios mostra que os conflitos na Síria e no Iraque estão se fundindo, e que o ISIS virou um rival comum.
O Iraque recebeu ainda apoio do Irã, com o qual seus líderes muçulmanos xiitas têm proximidade.
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O correspondente considera que isso mostra que o Irã também está preocupado com as reviravoltas repentinas no Iraque. O país reforçou sua fronteira ocidental, onde soldados da guarda nacional iraniana foram mortos em um ataque. Há relatos de que o Irã tenha também ampliado a proteção na fronteira nas montanhas curdas, onde um grupo de oposição aos curdos do Irã, chamado Pejak, tem bases.
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06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
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08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
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08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
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10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
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10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
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11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
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11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
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11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
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12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
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12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
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12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
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12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
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12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
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12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
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12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
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15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
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16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
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16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
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19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
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19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
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19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
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19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
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20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
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20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
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22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante
Foto: AP
Iraque ou Síria?
Falando ao serviço árabe da BBC em sua primeira entrevista para uma emissora internacional desde que a crise começou, o primeiro-ministro do Iraque contrariou comentários de fontes militares e rebeldes que dizem que o ataque ocorreu no Iraque, na fronteira de Qaim.
Maliki negou que os ataques tinham ocorrido em território iraquiano. "Sim, os jatos sírios atacaram Qaim, mas no lado sírio da fronteira”, afirmou.
"Não planejamos nada, mas agradecemos (aos sírios) por esta ação. Para nós é muito bem-vindo um ataque sírio contra o ISIS. Mas não fizemos nenhum pedido à Síria. Eles fazem seus ataques e nós fazemos os nossos. No final, os dois países sairão vencedores."
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Autoridades militares dos EUA e do Iraque haviam dito anteriormente à Associated Press que aviões de guerra sírios haviam bombardearam militantes dentro do Iraque.
Uma fonte do Pentágono disse à BBC: "Estamos cientes dos relatos de que o governo sírio atacou alvos no Iraque Não temos nenhuma razão para discordar esses relatos".
Militantes têm relatado que os jatos da Síria atingiram o lado iraquiano de Qaim por dois dias - e também Rutba, que está mais dentro do Iraque. Eles dizem que 70 pessoas morreram no primeiro ataque e 20 no segundo.
Caças americanos
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Maliki também disse que o avanço dos militantes poderia ter sido evitado se os jatos dos Estados Unidos tivessem sido entregues com agilidade.
"Se os drones americanos ainda não entraram em cena, eles logo irão aparecer, o que mostra como a ameaça dos ISIS gera uma convergência de interesses entre envolvidos que até agora tinham sido adversários", considera Jim Muir.
"Deveríamos ter procurado comprar outros caças, como os britânicos, franceses e russos, para garantir a cobertura aérea para as nossas forças; se tivéssemos cobertura aérea, teríamos evitado o que aconteceu”, conta o primeiro ministro.
Ele disse que o Iraque adquiriu "caças de segunda mão da Rússia, que devem chegar no Iraque em dois ou três dias". "Se Deus quiser, dentro de uma semana teremos força e iremos destruir os esconderijos dos terroristas", afirmou.
Os Estados Unidos, que também apoiam o governo iraquiano, salientou que os militantes só podem ser derrotado por forças próprias do Iraque.
Maliki está tentando formar um novo governo no país, mas rejeitou os apelos para a criação de uma coalizão de emergência que inclua todos os grupos étnicos e religiosos.
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