Bombardeio sugere fusão entre conflitos no Iraque e Síria

O primeiro ministro do iraque aformou que não pediu para a Síria fazer o ataque, e agradeceu aos sírios

27 jun 2014 - 07h33
(atualizado às 07h41)

O primeiro ministro do Iraque, Nouri Maliki, disse à BBC que apoia o ataque aéreo contra militantes islâmicos na fronteira entre o Iraque e a Síria, ocorrido nesta terça-feira.

Maliki declarou seu apoio ao bombardeio, que segundo ele, foi realizado no lado sírio.

Publicidade
O primeiro ministro do Iraque, Nouri Maliki, disse à BBC que apoia o ataque aéreo contra militantes islâmicos na fronteira entre o Iraque e a Síria, que aconteceu nesta terça
O primeiro ministro do Iraque, Nouri Maliki, disse à BBC que apoia o ataque aéreo contra militantes islâmicos na fronteira entre o Iraque e a Síria, que aconteceu nesta terça
Foto: AP

O ataque aéreo acontece no mês em que o grupo militante Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, sigla em inglês) e seus aliados sunitas dominaram grandes partes do Iraque.

O correspondente da BBC em Irbil, no norte do Iraque, Jim Muir, avalia que o apoio de Maliki aos ataques aéreos sírios mostra que os conflitos na Síria e no Iraque estão se fundindo, e que o ISIS virou um rival comum.

O Iraque recebeu ainda apoio do Irã, com o qual seus líderes muçulmanos xiitas têm proximidade.

Publicidade

O correspondente considera que isso mostra que o Irã também está preocupado com as reviravoltas repentinas no Iraque. O país reforçou sua fronteira ocidental, onde soldados da guarda nacional iraniana foram mortos em um ataque. Há relatos de que o Irã tenha também ampliado a proteção na fronteira nas montanhas curdas, onde um grupo de oposição aos curdos do Irã, chamado Pejak, tem bases.

Iraque ou Síria?

Falando ao serviço árabe da BBC em sua primeira entrevista para uma emissora internacional desde que a crise começou, o primeiro-ministro do Iraque contrariou comentários de fontes militares e rebeldes que dizem que o ataque ocorreu no Iraque, na fronteira de Qaim.

Maliki negou que os ataques tinham ocorrido em território iraquiano. "Sim, os jatos sírios atacaram Qaim, mas no lado sírio da fronteira”, afirmou.

"Não planejamos nada, mas agradecemos (aos sírios) por esta ação. Para nós é muito bem-vindo um ataque sírio contra o ISIS. Mas não fizemos nenhum pedido à Síria. Eles fazem seus ataques e nós fazemos os nossos. No final, os dois países sairão vencedores."

Publicidade

Autoridades militares dos EUA e do Iraque haviam dito anteriormente à Associated Press que aviões de guerra sírios haviam bombardearam militantes dentro do Iraque.

Uma fonte do Pentágono disse à BBC: "Estamos cientes dos relatos de que o governo sírio atacou alvos no Iraque Não temos nenhuma razão para discordar esses relatos".

Militantes têm relatado que os jatos da Síria atingiram o lado iraquiano de Qaim por dois dias - e também Rutba, que está mais dentro do Iraque. Eles dizem que 70 pessoas morreram no primeiro ataque e 20 no segundo.

Caças americanos

Publicidade

Maliki também disse que o avanço dos militantes poderia ter sido evitado se os jatos dos Estados Unidos tivessem sido entregues com agilidade.

"Se os drones americanos ainda não entraram em cena, eles logo irão aparecer, o que mostra como a ameaça dos ISIS gera uma convergência de interesses entre envolvidos que até agora tinham sido adversários", considera Jim Muir.

"Deveríamos ter procurado comprar outros caças, como os britânicos, franceses e russos, para garantir a cobertura aérea para as nossas forças; se tivéssemos cobertura aérea, teríamos evitado o que aconteceu”, conta o primeiro ministro.

Ele disse que o Iraque adquiriu "caças de segunda mão da Rússia, que devem chegar no Iraque em dois ou três dias". "Se Deus quiser, dentro de uma semana teremos força e iremos destruir os esconderijos dos terroristas", afirmou.

Os Estados Unidos, que também apoiam o governo iraquiano, salientou que os militantes só podem ser derrotado por forças próprias do Iraque.

Maliki está tentando formar um novo governo no país, mas rejeitou os apelos para a criação de uma coalizão de emergência que inclua todos os grupos étnicos e religiosos.

Publicidade
BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações