Brahimi reconhece que não há avanços humanitários na Síria

27 jan 2014 - 16h21
(atualizado às 16h29)

As negociações humanitárias que aconteceram entre o governo sírio e a oposição, especialmente para libertar os civis presos na parte antiga da cidade de Homs, "não deram resultado" até agora, disse nesta segunda-feira o mediador no processo de paz, Lakhdar Brahimi.

"A delegação governamental me disse ontem que havia um acordo para a saída de crianças e mulheres, mas continua discutindo como se deve fazer. Acho que o governo quer fazer isso, mas não é fácil", declarou em entrevista coletiva.

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Ele reconheceu que a saída de civis de Homs, assim como a tentativa de permitir a libertação de prisioneiros e pessoas sequestradas, ainda não foram concretizadas.

O comboio da ONU com ajuda humanitária (alimentos, remédios e outros artigos de primeira necessidade) ainda não entrou em Homs porque localmente não foi tomada uma decisão a respeito, explicou.

"Pedi que considerem fazer algo sobre essas áreas assediadas, seja pelo governo ou por grupos armados. As pessoas realmente estão sofrendo ali", pediu Brahimi ao falar à imprensa no fim do quarto dia de negociações.

O alívio da situação dos civis em zonas sob conflito armado, assim como a situação dos detidos, são duas questões que se acreditava poder mostrar a boa vontade das partes neste processo de paz.

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"As medidas de confiança geralmente se estabelecem antes que as negociações comecem, preparam o terreno e achem uma atmosfera propícia", o que neste caso não está acontecendo, comentou o mediador.

Brahimi disse que embora ainda não haja resultados concretos no terreno humanitário, os esforços neste sentido continuarão. Mas pediu que se leve em conta que o início destas negociações, em que ele trabalha desde maio do ano passado, "é um pequeno passo adiante", embora também pediu que todos tenham em mente que "qualquer coisa que se ganha é reversível".

"Por isso vamos continuar tentando que isto funcione. Esperamos que as partes cooperem e que os (países) que têm influência (sobre elas) a usem para nos ajudar a avançar", declarou.

O mediador mostrou mal-estar pelas continuas declarações à imprensa dos representantes tanto da delegação do governo sírio, como da Coalizão Nacional Síria (CNFROS).

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"Acho que é demais. Disse a eles que é necessário serem responsáveis e respeitarem a confidencialidade das discussões, e que se não o fizerem, que não exagerem", comentou.

Desde que começaram as discussões, delegados dos dois lados convocam várias vezes por dia a imprensa internacional que acompanha o processo para repetir, em geral, suas críticas furiosas contra a parte contrária.

O mediador antecipou que amanhã falarão sobre um documento de "princípios gerais" apresentado hoje pelo governo e que este considera deve ser o que guie as conversas.

A oposição criticou o texto por evitar qualquer alusão a uma transição democrática.

A este respeito, Brahimi considerou que vários dos princípios evocados pelo documento são parte da declaração de Genebra, um acordo fechado há ano e meio pelos Estados Unidos e pela Rússia, considerado o pilar destas negociações.

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Um das passagens mais encorajadores das declarações de Brahimi teve a ver com sua confiança na vontade do governo e da oposição de "continuarem as discussões", embora ponderou que não devem se esperar milagres porque "é preciso ver se progressos podem ser feitos e quando".

  
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