Os Estados Unidos torturaram islamitas líbios opositores antes de entregá-los ao regime de Muamar Kadafi durante a presidência de George W. Bush (2001-2009), denunciou nesta quinta-feira a ONG Human Rights Watch (HRW), que cita documentos e testemunhos.
"Os Estados Unidos não só entregaram de bandeja os inimigos de Kadafi, mas também parece que a CIA primeiro torturou vários deles", escreve Laura Pitter, autora do relatório da organização, segundo a qual "a extensão dos abusos cometidos pela administração Bush parece muito mais ampla do que se reconheceu até agora, o que demonstra a importância de realizar uma profunda investigação".
Segundo o relatório, vários membros do Grupo Islâmico de Combate líbio, movimento suspeito de manter vínculos com a Al-Qaeda, foram detidos em março na chamada "guerra contra o terrorismo" travada pelo governo de George W. Bush depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Pelo menos cinco afirmam ter sofrido "graves torturas" em dois centros de detenção da CIA no Afeganistão, entre elas o chamado "submarino" (quando a cabeça do detido é mergulhada na água até que ele esteja a ponto de se asfixiar).
Outros foram acorrentados durante semanas ou meses, agredidos com objetos ou contra as paredes ou foram impedidos de dormir, tendo sido obrigados a ouvir música em um volume muito alto, segundo depoimentos dados à HRW.
Um desses presos, Khalid al-Sharif, é hoje chefe da Guarda Nacional líbia. A CIA não confirmou nem desmentiu essas denúncias de torturas, mas informou que o Departamento de Justiça analisou os registros de dezenas de suspeitos para constatar como tinham sido tratados. Depois dessa investigação nenhuma ação foi aberta.