O exército de Israel matou nesta sexta-feira um adolescente palestino perto de Hebron, no sul da Cisjordânia, durante uma operação contra o movimento islamita Hamas, acusado de sequestrar na semana passada três jovens israelenses.
No campo de refugiados de Qalandia, perto de Jerusalém, outro palestino ficou ferido na cabeça em confrontos com soldados israelenses, e estava em estado crítico, segundo fontes médicas palestinas.
Por sua vez, o exército israelense indicou que um de seus soldados ficou levemente ferido em Qalandia por uma granada lançada pelos manifestantes.
O palestino falecido, Mohamed Dudin, de 14 anos, morreu baleado em confrontos no povoado de Dura, ao sul de Hebron, onde os soldados israelenses realizavam uma operação para encontrar os três israelenses desaparecidos na semana passada.
O exército, que acusa o movimento islamita Hamas de tê-los sequestrado e concentra sua busca nesta zona, disse ter entrado em Dura para deter um terrorista.
Os soldados dispararam contra os palestinos que lançavam pedras e coquetéis molotov, indicaram os militares.
O adolescente foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron. Na segunda-feira outro jovem palestino morreu em circunstâncias similares no campo de refugiados de Jalazon, perto de Ramallah.
O exército confirmou ter realizado na madrugada desta sexta-feira uma operação em Dura, outras localidades da Cisjordânia e vários campos de refugiados e falou de "confrontos esporádicos".
Os soldados detiveram 25 palestinos, vasculharam 200 edifícios e apreenderam material em nove instituições beneficentes do Hamas, segundo o comunicado militar.
No total 330 palestinos, entre eles 240 membros do movimento Hamas, foram detidos desde 12 de junho.
Esta operação para encontrar os adolescentes sequestrados é a mais importante do exército israelense na Cisjordânia desde o fim da segunda Intifada, em 2005.
Na quinta-feira, o presidente palestino, Mahmud Abbas, acusou os responsáveis por este sequestro de querer "destruir os palestinos".
E nesta sexta-feira o ministro palestino das Relações Exteriores, Riyad al-Malki, declarou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "deve colocar as provas sobre a mesa" ao acusar o Hamas do sequestro.
Al-Malki ressaltou que a Autoridade Palestina "não tem nem ideia" de quem são os autores do crime.
"Se Netanyahu tem provas, deve colocá-las sobre a mesa. Mas enquanto não existirem provas não pode acusar ninguém", declarou à AFP Al-Malki, que participa em Paris de um colóquio sobre a cooperação euro-mediterrânea organizado no Senado francês.
"Se for demonstrado que o Hamas está envolvido, o governo de consenso palestino estaria, é claro, ameaçado", admitiu o ministro.
"Não vamos tolerar que o Hamas utilize o governo de reconciliação para destruir o interesse nacional do povo palestino", acrescentou.
Os estudantes - Eyal Yifrach, de 19 anos, Naftali Frenkel, de 16, e Gilad Shaer, de 16 - desapareceram perto de Gush Etzion, um bloco de colônias em uma zona controlada por Israel na Cisjordânia.
Nesta sexta-feira as autoridades israelenses limitaram o acesso à Esplanada das Mesquitas de Jerusalém por medo de incidentes.
Por sua vez, em resposta a lançamentos de foguetes ao sul de Israel, o exército lançou de madrugada quatro ataques aéreos na Faixa de Gaza que deixaram três palestinos feridos, segundo testemunhas.
O governo de Israel é totalmente contrário à reconciliação entre o Hamas e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), liderada por Abbas, que no dia 2 de junho permitiu a criação de um governo de união com personalidades independentes.
Segundo analistas, Israel quer boicotar a reconciliação e está aproveitando a operação na Cisjordânia para desmantelar as redes do Hamas.