O poderoso movimento iemenita houthi travou confrontos com o Exército perto do palácio presidencial em Sanaa nesta segunda-feira, afundando o frágil Estado árabe em agitação política e provocando acusações de que os militantes preparavam um golpe.
O som de explosões ecoou pela cidade e nuvens de fumaça negra podiam ser vistas sobre edifícios do centro da cidade enquanto os confrontos mais intensos desde que o movimento muçulmano xiita houthi invadiu a capital em setembro.
Os Houthis assumiram o controle da agência de notícias e TV estatais, disse um ministro.
Fontes médicas disseram que cinco pessoas foram morta e mais de 20 ficaram feridas. É provável que o número de vítimas seja maior.
As batalhas de rua marcaram um novo revés para o Iêmen, assolado por divisões tribais, uma insurgência separatista no sul do país e a ameaça representada por uma ramificação regional da Al Qaeda, a mesma que assumiu a responsabilidade pelo ataque mortal de 7 de janeiro em Paris contra um jornal satírico conhecido por fazer piada com o Islã.
A ministra da Informação do Iêmen, Nadia al-Saqqaf, uma crítica dos Houthis, disse à Reuters que o palácio presidencial havia sofrido um "ataque direto", no que ela descreveu como uma tentativa de golpe.
"Se você ataca o palácio presidencial... Isso é agressivo, claro que isso é uma tentativa de golpe", disse ela.
Acredita-se que o presidente iemenita, Abd-Rabbu Mansour, encontrava-se em casa, em outra área da cidade, no momento do ataque.
Fortes tiroteios e explosões fizeram tremer o bairro de Hassa, onde fica o setor diplomático, no sul de Sanaa. Uma testemunha da Reuters afirmou ter visto homens armados na rua Al-Khamseen, onde moram altos funcionários de segurança do governo, incluindo o ministro da Defesa.
Amplamente considerados como aliados do Irã na disputa com a Arábia Saudita por uma maior influência na região, os Houthis --agora integrantes do governo iemenita-- disseram que iriam "escalar a situação" se suas demandas por uma participação justa na nova constituição não for atendida.
O projeto de Constituição, lançado formalmente no sábado, tem como objetivo resolver as diferenças regionais, políticas e sectárias no Iêmen ao transferir poder para as regiões, mas tem recebido a oposição dos Houthis, que temem pela diluição de seu próprio poder.