As autoridades europeias lançaram várias missões de resgate de imigrantes que partem do norte da África com o objetivo de chegar à Europa através do Mar Mediterrâneo.
A mais importante delas, a Mare Nostrum, foi abandonada pela Itália no final de 2014.
Depois do aumento dos naufrágios de imigrantes em torno da ilha italiana de Lampedusa, nos quais morreram mais de 400 pessoas em 2013, a Itália lançou esta operação com o objetivo de vigiar o Mar Mediterrâneo durante as 24 horas do dia, especialmente o estreito da Sicília, e salvar assim o maior número de vidas possível.
Em um ano, a missão permitiu resgatar mais de 150.000 pessoas, isto é, uma média de 400 por dia, deter 351 traficantes, graças a um grande dispositivo de forças navais e aéreas, que custava nove milhões de euros por mês.
A operação não impediu, no entanto, os naufrágios. Ao menos 3.300 imigrantes morreram nas águas do Mediterrâneo em 2014. Iniciada em 18 de outubro de 2013, a missão da marinha italiana concluiu em outubro de 2014, depois que os sócios europeus se negaram a ajudar nos custos.
A Europa assumiu a Mare Nostrum como uma missão muito mais modesta denominada Triton. Coordenados pela Frontex, a agência europeia para a vigilância das fronteiras, os países membros da UE cederam vários navios, aviões, helicópteros e 65 oficiais.
Enquanto que a Mare Nostrum era uma missão de resgate e se estendia até as costas líbias, a Triton aspira, acima de tudo, controlar as fronteiras da UE e se se limita às águas territoriais europeias.
O orçamento da Triton é de quase três milhões de euros por mês, um terço da Mare Nostrum. Sua duração, que não foi definida, depende em grande parte do orçamento da Frontex para 2015.
A operação europeia é uma ferramenta de apoio e não tem como objetivo cumprir com as obrigações da Itália, assegura a Comissão Europeia.
Uma ONG maltesa, a MOAS (Migrant Offshore Aid Station), fundada e financiada por um casal ítalo-americano, ajudou a salvar 3.000 imigrantes no ano passado no Mediterrâneo.
O projeto nasceu da vontade do rico casal, que colocou à disposição o barco "Phoenix", dois drones e uma tripulação de 18 pessoas, incluindo um médico, socorristas e enfermeiros, para a ajudar as autoridades italianas.
No final de 2014, a ONG, que carecia de fundos para continuar adiante, lançou um apelo para conseguir financiamento. Na sexta-feira passada, a ONG Médicos Sem Fronteira e MOAS anunciaram o lançamento nas próximas semanas de uma operação conjunta de busca, resgate e ajuda médica.
A operação deve acontecer entre maio e outubro. Uma equipe de 20 pessoas surcará o Mediterrâneo a bordo de um barco, que levará material diverso, incluindo dois drones de vigilância.
"Nossa motivação é séria", explica o diretor da MOAS, Martin Xuereb. "Ninguém merece morrer e faremos de tudo para garantir que não afundem aqueles que são obrigados a atravessar esse mar traiçoeiro em embarcações precárias".