Curdos resistem e Estado Islâmico envia reforços a Síria

Jihadistas, mais numerosos e com armas melhores, estão em vantagem e controlam 40% da cidade de Kobane

12 out 2014 - 14h37
Bombardeios realizados pela coalizão mataram pelo menos 57 pessoas na fronteira entre a Síria e a Turquia
Bombardeios realizados pela coalizão mataram pelo menos 57 pessoas na fronteira entre a Síria e a Turquia
Foto: Murad Sezer / Reuters

O grupo Estado Islâmico (EI) enviou reforços neste domingo à cidade síria de Kobane, onde as forças curdas apresentam uma intensa resistência em uma batalha que virou símbolo da luta contra os jihadistas.

Os combatentes curdos, que na sexta-feira foram expulsos de seu quartel-general de Kobane, impediram desde então vários ataques dos jihadistas em várias frentes de batalha na terceira maior cidade curda da Síria, onde a luta se tornou uma guerrilha urbana.

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Os jihadistas, mais numerosos e com armas melhores, estão em vantagem e controlam 40% da cidade, sobretudo a zona leste e os bairros do sul e do oeste.

Mas a defesa feroz das forças curdas obrigou o EI a convocar reforços, procedentes de Raqa e Aleppo, redutos jihadistas do norte da Síria, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Enviam inclusive homens que não têm muita experiência de combate", afirmou o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman.

"É uma batalha realmente crucial para eles. Se não conseguirem tomar o controle de Kobane, será um duro golpe para sua imagem. Colocaram todo seu peso nesta batalha", completou.

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Os defensores de Kobane não podem receber reforços, já que a vizinha Turquia bloqueia a fronteira e impede a passagem dos curdos do país que desejam socorrer os companheiros cercados.

A atitude de Ancara provocou, nos últimos dias, manifestações pró-curdos na Turquia, que terminaram com 31 mortos.

A ONU pediu ao governo da Turquia que autorizasse a passagem dos voluntários para Kobane, onde afirma temer um "massacre" dos civis que ainda não abandonaram a cidade.

Kobane parecia relativamente tranquila neste domingo, mas do lado turco da fronteira ainda eram ouvidos alguns tiros procedentes da cidade.

Azad Bekir, um refugiado que atravessou a fronteira com a família há três dias, afirmou que está pessimista.

"Conversei com meu irmão, que continua em Kobane. Os curdos tentam aguentar, os combates continuam nas ruas. Se continuar assim, sou pessimista, porque os peshmergas (combatentes curdos) precisam de armas e munições. Matam muitos bandidos (jihadistas), mas eles sempre voltam mais numerosos", disse à AFP.

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A coalizão internacional realizou seis ataques aéreos contra posições do EI dentro e fora da cidade, em apoio às forças curdas, segundo o Comando Americano para o Oriente Médio (Centcom).

De acordo com refugiados que acompanham os combates a partir da Turquia, outros ataques aéreos aconteceram durante a manhã, mas ainda não foram confirmados pelas autoridades.

Kobane estará no centro dos debates de uma reunião na terça-feira em Washington dos comandantes militares de 21 países da coalizão, que devem fazer um balanço da estratégia contra o EI, três meses depois do início da campanha aérea no Iraque e três semanas depois do início dos bombardeios sobre a Síria.

Nos dois países, onde os jihadistas controlam amplos territórios nos quais proclamaram um "califado", o grupo Estado Islâmico cometeu atrocidades que provocaram indignação na comunidade internacional, em particular as decapitações de quatro reféns ocidentais.

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Uma cerimônia foi organizada em um centro muçulmano de Manchester, noroeste da Inglaterra, em memória de Alan Henning, que teve a decapitação reivindicada pelo EI em 3 de outubro. O assassinato do taxista de 47 anos, sequestrado na Síria quando participava em uma missão humanitária, revoltou os muçulmanos do Reino Unido.

No Iraque, pelo menos 25 pessoas, em sua maioria ex-soldados das forças curdas que queriam unir-se à luta contra o EI, morreram neste domingo nas explosões de três carros-bomba perto de edifícios estratégicos de Qara Tapah, cidade sob controle curdo ao nordeste de Bagdá.

O atentado foi reivindicado pelo EI em contas do Twitter associadas ao grupo jihadista. As mensagens afirmaram que os homens-bomba eram originários da Alemanha, Arábia Saudita e Turquia.

Na região oeste do país, o comandante da polícia da província de Al-Anbar morreu em um atentado. Em Baaquba, a explosão de uma bomba matou seis civis.

Desvendando o Estado Islâmico

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