Dezenas morrem no Iraque em batalha por capital provincial
Um cinegrafista iraquiano morreu e um correspondente da mesma rede de televisão ficou ferido no norte de Bagdá enquanto cobriam o avanço dos jihadistas
Dezenas de iraquianos foram mortos nesta terça-feira durante uma batalha pelo controle de uma capital provincial, em meio a um levante de insurgentes islâmicos sunitas que ameaça a sobrevivência do Iraque como um Estado. Os confrontos levaram ao fechamento da principal refinaria de petróleo, provocando o desabastecimento de combustível e energia em partes do país.
As forças do governo disseram ter reprimido uma tentativa por parte dos insurgentes de tomar o controle de Baquba, capital da província de Diyala, ao norte de Bagdá, com combates pesados durante a noite.
Alguns moradores e autoridades disseram que entre os mortos estão dezenas de prisioneiros da cadeia local, embora os relatos sobre a morte deles sejam conflitantes.
Combatentes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) que pretendem formar um califado com base em preceitos sunitas medievais, nos dois lados da fronteira Iraque-Síria, desencadearam o levante na semana passada e tomaram o controle da principal cidade do norte, Mosul, e várias áreas no vale do rio Tigre, ao norte de Bagdá. Eles se vangloriaram de ter massacrado centenas de soldados capturados durante seu avanço.
Os militantes islâmicos contam com o apoio de outras facções sunitas, incluindo ex-membros do Partido Baath, do ditador deposto Saddam Hussein, e líderes tribais, que compartilham da revolta generalizada entre a minoria sunita do Iraque contra a opressão atribuída ao governo xiita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki.
Os países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, pediram a Maliki que envolva os sunitas na reconstrução da unidade nacional como única maneira de impedir a desintegração do Iraque.
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Mas o primeiro-ministro xiita, que está há longo tempo no poder e venceu uma eleição há dois meses, está aparentemente indo na direção oposta, confiando mais fortemente do que nunca na seita majoritária do país, a xiita, e prometendo combater políticos da oposição e oficiais militares que ele rotulou de "traidores".
Hassan Suneid, um estreito aliado de Maliki, disse nesta terça-feira que a governista Aliança Nacional, xiita, deveria boicotar todo o trabalho com o maior bloco político sunita, o Mutahidoon.
"Não é possível para qualquer bloco dentro da Aliança Nacional trabalhar com o Mutahidoon devido à sua recente atitude sectária", disse ele a um canal de TV do partido de Maliki.
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06 de junho - Jovens iraquianos observam os danos causados após a explosão de um carro-bomba na cidade de Kirkuk
Foto: AFP
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08 de junho - Imagem de propaganda do EIIL. Militantes lutaram contra forças iraquianas em Tikrit, em 11 de junho, após os jihadistas tomarem a faixa norte do país, incluindo a cidade de Mossul
Foto: AFP
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08 de junho - Imagem retirada de uma propaganda veiculada no dia 08 de junho pelo grupo EIIL mostra militantes perto da cidade iraquiana de Tikrit
Foto: AFP
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10 de junho - Família iraquianas se reúnem em um posto de controle curdo, em uma região autônoma do Curdistão. Elas fogem da violência presente na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
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10 de junho - Foto tirada de um celular mostra um homem armado assistindo a um veículo militar em chamas, em Mossul
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem divulgada pelo grupo EIIL, mostra militantes indo a um local não revelado, na província de Nínive, no Iraque
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem divulgada por um perfil de notícias jihadista no Twitter mostra um militante do grupo EIIL segurando uma arma na fronteira sírio-iraquiana
Foto: AFP
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11 de junho - Imagem disponibilizada pelo perfil de notícias jihadistas Al-Baraka mostra militantes do EIIL pendurando uma bandeira da Jihad Islâmica em um poste no topo de um antigo forte militar, na aldeia de Al Siniya
Foto: AFP
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11 de junho - Iraquianos limpam as ruas depois de um ataque suicida de um homem-bomba, em uma tenda, onde líderes tribais xiitas estavam reunidos, na cidade de Sadr, no norte de Bagdá
Foto: AFP
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11 de junho - Um grupo de curdos são vistos sentados dentro de um veículo, estacionado próximo à cidade de Mossul, no Iraque. No dia 10 de junho, militantes sunitas invadiram a cidade.
Foto: AFP
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11 de junho - Parte do uniforme de um membro do Exército iraquiano é visto no chão, em frente a restos de um veículo militar queimado, a 10 km da cidade de Mossul
Foto: AFP
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12 de junho - Membros do grupo Asaib Ahl al-Haq carregam caixão de colega morto em Najaf durante confrontos com o grupo rebelde Estado Islâmico e o Levante (EIIL) na província de Salahuddin
Foto: Reuters
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12 de junho - Soldado do grupo insurgente Estado Islâmico e o Levante (EIIL) monta guarda em posto de controle em Mossul
Foto: Reuters
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12 de junho - Forças especiais da polícia capturam homens armados na cidade iraquiana de Tikrit
Foto: Reuters
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12 de junho - Dezenas de famílias deixam Mossul em direção a cidades curdas por causa da escalada da violência na região
Foto: Reuters
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12 de junho - Voluntários que se juntaram ao Exército iraniano para lutar contra os insurgentes sunitas que tomaram controle da cidade de Mossul viajam em caminhão militar para Bagdá
Foto: Reuters
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12 de junho - Membros das forças de segurança iraquianas posam para foto em Bagdá
Foto: Reuters
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12 de junho - Insurgentes montam guarda em posto de controle na cidade iraquiana de Mossul
Foto: Reuters
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15 de junho - Voluntários se unem ao exército iraquiano para combater militantes sunitas do EIIL
Foto: Reuters
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16 de junho - Voluntários se juntam ao exército iraquiano para combater os militantes predominantemente sunitas
Foto: Reuters
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16 de junho - Combatentes xiitas participam de mais um treinamento em estilo militar, em Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes do Exército Mehdi marcham durante um treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Pessoas se reúnem em local onde um ataque com carro-bomba deixou 13 mortos e 30 feridos em Bagdá
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes xiitas marcham em treinamento em estilo militar na cidade sagrada de Najaf
Foto: Reuters
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17 de junho - Combatentes tribais gritam palavras de luta enquanto carregam armas em um desfile nas ruas de Najaf, ao sul de Bagdá
Foto: Reuters
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19 de junho - soldados desfilam dentro do principal centro do Exército durante uma campanha de recrutamento de voluntários para o serviço militar em Bagdá, Iraque
Foto: AP
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19 de junho - homens iraquianos chegam ao principal centro de recrutamento do Exército de voluntários para o serviço militar em Bagdá, após autoridades pedirem ajuda ao povo iraquiano no combate aos insurgentes
Foto: AP
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19 de junho - centenas de homens mobilizam-se para lutar contra os insurgentes do Estado Islâmico e do Levante, em Bagdá
Foto: AP
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19 de junho - voluntários das recém-formadas "Brigadas de Paz" participam de um desfile na cidade xiita de Najaf, no Iraque
Foto: AP
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20 de junho - seguidores do clérigo xiita Muqtada al-Sadr realizam orações ao ar livre no reduto xiita da cidade de Sadr, em Bagdá
Foto: AP
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20 de junho - militares das "Brigadas de Paz" participam de desfile no sul da cidade sagarada de Najaf
Foto: AP
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22 de junho - mulher iraquiana banha seu filho em um acampamento para deslocados internos que fugiram de Mossul e outras cidades tomadas pelos insurgentes do Estados Islâmico e do Levante
Foto: AP
O avanço repentino de insurgentes sunitas está remodelando as alianças no Oriente Médio, e tanto os Estados Unidos como o Irã dizem que poderiam cooperar contra um inimigo comum, algo sem precedentes desde a revolução iraniana de 1979.
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está sendo acusado no plano interno de ter feito pouco para ajudar o Iraque desde a retirada das tropas em 2011 e está considerando opções para uma ação militar, como ataques aéreos. Ele enviou um pequeno número de soldados extras para proteger a embaixada dos Estados Unidos, mas descartou a possibilidade de mandar tropas para o Iraque.
Jornalistas no meio do fogo cruzado
Um cinegrafista iraquiano morreu e um correspondente da mesma rede de televisão ficou ferido no norte de Bagdá enquanto cobriam a ofensiva dos jihadistas, indicou a rede de televisão iraquiana para a qual trabalhavam.
Khaled Ali morreu em Khales, ao norte de Baquba, na província de Diyala, informou a Al Ahad TV em seu site, acrescentando que seu colega Moatez Jamil ficou ferido. Um coronel da polícia e um médico confirmaram à AFP estas informações.
Refinaria
Funcionários confirmaram que a refinaria de Baiji, ao norte de Bagdá, foi fechada e os trabalhadores estrangeiros, retirados, embora eles tenham dito que as tropas do governo ainda controlam o vasto complexo. Com a refinaria fechada, o Iraque terá mais dificuldade na geração de eletricidade e bombeamento de água para sustentar as suas cidades no verão.
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A refinaria estava sendo protegida por tropas de elite, enquanto a cidade vizinha era em grande parte ocupada pelos combatentes do EIIL, na semana passada. A refinaria de Baiji continuou em operação em meio a anos de guerra civil e enquanto as forças dos Estados Unidos estavam no país.
A ameaça recente mostra como o Iraque está muito mais vulnerável agora aos insurgentes do que antes de os EUA retirarem suas tropas em 2011.
Após reféns, Turquia evacua consulado
A Turquia evacuou nesta terça-feira seu consulado de Basra, no sul do Iraque, uma semana após o ataque contra seu consulado em Mossul (norte) por combatentes jihadistas, anunciou seu chanceler, Ahmed Davutoglu.
"Devido ao aumento dos riscos na região de Basra, nosso consulado-geral foi evacuado nesta terça-feira", indicou Davutoglu em sua conta no Twitter.
Os combatentes do grupo radical sunita do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) invadiram na última quarta-feira o consulado turco em Mossul, tomando 50 pessoas como reféns, entre elas diplomatas, soldados e três crianças.