Em um discurso muito aguardado por evidenciar tensões entre o governo dos Estados Unidos e o de Israel, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (2) que "interromper o programa nuclear do Irã é uma obrigação moral". Netanyahu discursou diante do American Israel Public Affairs Committee (Aipac), a instituição mais influente em lobby israelense nos EUA.
Ele destacou que seu governo não concorda com o fato de Washington encerrar no próximo mês de março sua estratégia diplomática em Teerã contra o programa nuclear. O premier acredita que, caso isso ocorra, haverá oportunidades para o Irã produzir uma bomba atômica. "O Irã é, antes de tudo, um Estado que apoia o terrorismo no mundo. Se o país desenvolver armas nucleares, atingirá seus objetivos.
Não podemos permitir que isso aconteça", disse Netanyahu. "Enquanto falamos aqui, o Irã está desenvolvendo suas capacidades para construir armas nucleares", acrescentou. O israelense também reconheceu que há "sérios desacordos" com os EUA sobre o programa iraniano, mas negou que as relações bilaterais tenham "acabado".
"Não é verdadeiro que as relações entre Israel e Estados Unidos acabaram", disse Netanyahu, ressaltando que a aliança entre os dois países é "mais forte que nunca", apesar das recentes divergências.
Sua intervenção na Aipac contou com a participação da conselheira para Segurança Nacional da Casa Branca, Susan Rice, e com a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Samantha Power, que defenderam o programa norte-americano para o Irã. "Os Estados Unidos não permitirão que o Irã tenha armas nucleares. Ponto final", disse Power. "Acreditamos fortemente na necessidade de segurança de Israel e que as relações entre Israel e EUA transcendam essa política. Essas relações não devem nunca ser politizadas", criticou.
Netanyahu discursará amanhã no Congresso dos Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano. O convite foi feito por parlamentares republicanos, o que já desagradou a Casa Branca, que alega que o tema está sendo politizado.
"O meu discurso no Congresso não tem o objetivo de demonstrar falta de respeito ao presidente Obama e ao seu gabinete", garantiu Netanyahu, minimizando que "nunca um discurso ainda não pronunciado" foi tão comentado.