Os Estados Unidos pediram nesta sexta-feira a criação, antes da Assembleia Geral da ONU no final de setembro, de uma coalizão internacional para combater o Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria.
"Não podemos perder tempo para criar uma coalizão internacional para destruir a ameaça representada pelo EI", afirmaram o secretário de Estado americano, John Kerry, e o secretário de Defesa, Chuck Hagel, em um comunicado conjunto depois de uma reunião à margem da cúpula da Otan com os dirigentes de outros nove países.
Para que seja efetiva, a coalizão, indica o comunicado, deve coordenar múltiplos aspectos: apoiar militarmente as Forças Armadas iraquianas, frear o fluxo de combatentes estrangeiros, contra-atacar o financiamento do EI, enviar ajuda humanitária e deslegitimar a ideologia do EI.
"Temos que atacá-los de maneira que os impeça de tomar territórios, que reforce a capacidade das forças iraquianas, de outros que estão na região e que estão preparados para enfrentá-los, sem comprometer nossas tropas, obviamente", assinalou Kerry em uma reunião com seus colegas da Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Turquia, Polônia, Canadá, Dinamarca e Austrália.
"Esta é a linha vermelha para todos, não haverá soldados em terra", enfatizou, acrescentando que há muitas formas para ajudar, "treinando, aconselhando, dando assistência e equipando".
"Os combatentes do EI não estão organizados como todos pensam. E temos a tecnologia, o conhecimento. O que precisamos obviamente é a vontade de nos manter firmes e juntos nisso", concluiu.
O Canadá anunciou queenviará dezenas de militares ao Iraque para proporcionar assessoria e assistência às Forças Armadas iraquianas, anunciou nesta sexta-feira o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper.
Esta ajuda militar tem por objetivo, segundo o comunicado do chefe de Governo canadense, "fornecer meios às forças de segurança no norte do país para que atuem com mais eficiência ante a ameaça do Estado Islâmico".
Massacre de minorias
A ONU denunciou que o grupo jihadista continua com as execuções não apenas de pessoas de minorias religiosas e étnicas, mas também de sunitas - seu próprio braço do islã - que não aceitam jurar lealdade a eles.
"Estamos recebendo cada vez mais informações sobre ataques sistemáticos contra indivíduos sunitas que rejeitam declarar sua lealdade", disse a porta-voz do Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani.
A isso são agregados crimes contra grupos étnicos e religiosos não sunitas, mediante assassinatos, sequestros, destruição de propriedades e de lugares de significado cultural e religioso.
As últimas denúncias recebidas têm a ver com a execução nos últimos dias de agosto de 14 idosos da minoria yazidi após o ataque por parte de milicianos do Estado Islâmico em uma aldeia de Sinjar (província iraquiana de Ninawa).
Na cidade de Mossul (capital de Ninawa), que o grupo extremista controla desde o começo de junho, este estabeleceu um tribunal próprio que ordenou a execução de vários homens, enquanto em outro evento sequestraram sete cristãos, entre eles uma menina de três anos.
A ONU também tem dados sobre a execução recente de soldados das Forças de Segurança iraquianas e de 20 homens sunitas na província de Diyala por não aceitar sua autoridade.
Foi reportado que os enfrentamentos entre o Estado Islâmico e o Exército iraquiano prosseguem nas províncias de Ninawa, Diyala, Anbar e Salah al-Din.
A ONU também informou que lançou um novo pedido de fundos entre os doadores a favor do Iraque, por US$ 315 milhões, para poder continuar com sua operação de ajuda frente às necessidades maciças da população.
A situação de violência no Iraque conduziu 1,8 milhão de pessoas ao êxodo unicamente desde janeiro.
Com informações da AFP e EFE.