Homens-bomba se explodiram durante as orações de sexta-feira em duas mesquitas utilizadas por apoiadores de rebeldes xiitas em Sanaa, capital do Iêmen, matando 126 pessoas e ferindo 260, disseram fontes médicas, o ataque militante mais mortífero no país em anos.
O Estado Islâmico, uma dissidência da Al Qaeda que ocupou grandes partes do Iraque e da Síria, assumiu a autoria dos atentados, nos quais quatro homens-bomba com cintos repletos de explosivos visaram fiéis dentro e fora das mesquitas lotadas.
As explosões em Sanaa aconteceram enquanto aviões de guerra não identificados atacavam o palácio presidencial em Áden, cidade do sul iemenita, pelo segundo dia.
Armas anti-aéreas dispararam contra duas aeronaves que soltaram bombas em uma área que inclui a residência do presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi. Ele não ficou ferido, afirmaram fontes da presidência.
O Iêmen está dividido por uma disputa de poder entre os rebeldes houthi apoiados pelo Irã no norte e Hadi, que estabeleceu uma sede de poder rival no sul respaldado por países liderados por sunitas no Golfo Pérsico.
É sabido que as mesquitas de Sanaa são usadas sobretudo por apoiadores dos xiitas houthi, grupo que controla a maior parte do norte do Iêmen, incluindo Sanaa.
A ascensão dos houthi ao poder em setembro último aprofundou as divisões na complexa rede de alianças políticas e religiosas do país.
Uma testemunha afirmou ter ouvido duas detonações sucessivas na mesquita de Badr, localizada em uma vizinhança movimentada do centro da capital.
“Estava indo orar na mesquita, aí ouvi a primeira explosão, e um segundo depois ouvi outra”, disse a testemunha à Reuters.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, repudiou “os ataques terroristas” no Iêmen e pediu que todos os lados “cessem imediatamente todas as ações hostis e se contenham ao máximo”, de acordo com um comunicado da ONU.
DOAÇÕES DE SANGUE
Os hospitais de Sanaa ficaram sobrecarregados de mortos e feridos e apelaram para que doadores de sangue ajudem a tratar o grande número de atingidos. Uma testemunha da Reuters na mesquita de Badr disse ter contado pelo menos 25 corpos ensanguentados ou cadáveres espalhados nas ruas e dentro do edifício.
Um terceiro homem-bomba tentou se explodir em uma mesquita em um enclave houthi na província de Sadaa, no norte, mas a bomba detonou prematuramente, matando somente o suicida, disse uma fonte de segurança à Reuters.
O Estado Islâmico também assumiu a autoria deste ataque, prometendo realizar mais agressões contra os houthi.
As tensões vêm crescendo desde que Hadi fugiu de Áden em fevereiro depois de escapar de Sanaa, onde ficou detido durante um mês em casa por forças houthi no comando da capital. Ele vem tentando consolidar sua autoridade em Áden para desafiar as ambições dos houthi de dominar o país por inteiro.
(Reportagem adicional de Sami Aboudi em Dubai e Omar Fahmy no Cairo)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765)) REUTERS TR