O ex-presidente do Iêmen Ali Abdullah Saleh é suspeito de ter se apropriado de forma corrupta de cerca de 60 bilhões de dólares, valor equivalente ao PIB anual do Iêmen, durante seu longo governo, e ter sido conivente no avanço de uma milícia no ano passado, disseram investigadores designados pela ONU, em relatório ao Conselho de Segurança.
O relatório do Painel de Peritos da ONU sobre o Iêmen endossa críticas feita por adversários de Saleh, segundo os quais o governo dele (1978-2012) foi marcado por corrupção e que, mesmo fora do poder, ele vem fomentando a instabilidade – acusações que ele tem repetidamente negado.
Diante das constatações no relatório de 54 páginas feito pelos peritos, o Conselho aprovou por unanimidade nesta terça-feira a prorrogação das sanções contra Saleh e dois líderes de milícia, que haviam sido alvo pela primeira vez das medidas do organismo mundial em novembro por seu suposto papel na desestabilização do país. Repetidos telefonemas a um porta-voz Saleh não foram respondidos de imediato.
Em entrevista à Reuters, no ano passado, Saleh negou qualquer tipo de corrupção durante seu governo. Seu partido também rejeita as acusações dos críticos de Saleh de que ele ou seu filho Ahmad Ali – que foi um dos principais comandantes militares do Iêmen – estiveram envolvidos na tomada do poder na capital, Sanaa, por uma milícia.
"(Saleh) é acusado de ter acumulado ativos entre 32 bilhões e 60 bilhões de dólares, como parte de suas práticas corruptas quando era o presidente do Iêmen, em especial relativas aos contratos de gás e petróleo, onde ele teria pedido dinheiro em troca da concessão de direitos exclusivos a empresas de prospecção de gás e petróleo", escreveram os especialistas, que monitoram as violações de sanções da ONU ao Iêmen.