Iraque: rebeldes tomam controle de nova cidade no norte

Desde a última semana, rebeldes avançam em cidades do norte iraquiano, na maior ofensiva desde a retirada das tropas dos EUA

16 jun 2014 - 09h31
(atualizado às 09h59)
<p>As forças de segurança, que se retiraram em debandada diante do avanço dos extremistas, parecem, no entanto, estar se recuperando, e no sábado tomaram as localidades de Ishaqi e Muatasam, na província de Saladino, perto de Bagdá</p>
As forças de segurança, que se retiraram em debandada diante do avanço dos extremistas, parecem, no entanto, estar se recuperando, e no sábado tomaram as localidades de Ishaqi e Muatasam, na província de Saladino, perto de Bagdá
Foto: WELAYAT SALAHUDDIN / AFP

Insurgentes sunitas assumiram o controle de uma cidade no noroeste do Iraque, de maioria turcomana, no domingo, após um pesado tiroteio, solidificando sua presença no norte do país após uma rápida ofensiva que ameaça desmembrar o Iraque.

Residentes contatados por telefone na cidade de Tal Afar disseram que a cidade foi tomada por rebeldes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), após uma batalha que deixou pesadas baixas em ambos os lados.

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“A cidade foi invadida por militantes. Duros combates aconteceram, e muitas pessoas foram mortas. Famílias xiitas fugiram para o oeste e famílias sunitas, para o leste”, disse um representante municipal que pediu para não ser identificado.

Tal Afar fica a pouco tempo de carro de Mossul, a principal cidade do norte iraquiano, a qual foi tomada por combatentes do EIIL na semana passada durante o início de uma ofensiva que mergulhou o Iraque em sua pior crise desde que as tropas dos Estados Unidos se retiraram do país.

O avanço alarmou os apoiadores xiitas do primeiro-ministro Nuri al-Maliki no Irã e também nos Estados Unidos, que ajudaram a levar Maliki ao poder após a invasão de 2003, que derrubou o ditador sunita Saddam Hussein.

Embora tenha expressado apoio para o governo de Maliki, os Estados Unidos salientaram a necessidade de uma solução política para a crise. Os oponentes do premiê o acusam de isolar os sunitas, o que teria gerado ressentimento nessa população, incentivando a insurgência.

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Diante da crescente crise no Iraque, Washington ordenou, no domingo, o reforço da segurança de sua equipe diplomática em Bagdá e disse que alguns funcionárias estavam sendo retirados da embaixada à medida que o governo iraquiano batalhava para conter os insurgentes.

Os Estados Unidos também estão considerando realizar conversações com o Irã sobre como conter os militantes sunitas no Iraque, disse uma autoridade no domingo, em uma ação que representaria um grande passo dos EUA em relação a seu adversário de longa data.

Um representante da Casa Branca disse, no entanto, que não haviam conversas em andamento.

Após terem feito uma ofensiva relâmpago por cidades no vale do Tigre, ao norte de Bagdá, combatentes do EIIL aparentemente pararam seu avanço perto da capital, e em vez disso vêm procurando reforçar sua presença no norte.

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A maioria dos habitantes de Tal Afar é do grupo étnico turcomano, que fala a língua turca. A Turquia demonstra preocupação com a segurança dessa população.

Os turcomanos e outros residentes de Tal Afar estão divididos entre sunitas e xiitas, em uma região do Iraque que tem uma complexa mistura étnica e sectária.

Foto: Arte Terra

Combatentes do EIIL buscam criar um califado - Estado islâmico - em ambos os lados da fronteira sírio-iraquiana, baseado em preceitos medievais muçulmanos sunitas. O avanço desse grupo tem sido ajudado por outros grupos armados sunitas.

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que está analisando as opções militares, exceto o envio de tropas, para combater a insurgência.

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O Pentágono informou em um comunicado que um pequeno número de forças “está aumentando a segurança os ativos do Departamento de Estado em Bagdá para ajudar a garantir a segurança das instalações”.

Foto: Arte Terra

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