Israel e os palestinos anunciaram nesta terça-feira um acordo para um cessar-fogo permanente no 50º dia de uma guerra que deixou mais de 2.100 palestinos e 70 israelenses mortos, e devastou a Faixa de Gaza.
Com a entrada em vigor do cessar-fogo, às 16h00 GMT (13h00 de Brasília), tiros foram disparados para o alto em comemoração na Cidade de Gaza. Segundo o governo egípcio, o acordo prevê uma redução do bloqueio imposto desde 2006 por Israel e que asfixia 1,8 milhão de habitantes de Gaza.
Nas ruas, em meio à comemoração, Maha Khaled, uma mãe de 32 anos não escondia a alegria: "Obrigada Deus, a guerra acabou". "Não consigo acreditar que ainda estou viva, com meus filhos. Esta guerra foi muito dura e eu não acreditava mais que a paz pudesse chegar", acrescentou.
Tamer al-Madqa, de 23 anos, comemorava "a vitória da resistência". "Hoje, Gaza provou ao mundo que resiste e que é mais forte do que Israel", disse à AFP.
Mesmo que este cessar-fogo suscite esperanças, os pontos de divergência entre israelenses e palestinos estão longe de ter desaparecido, e as negociações devem ser retomadas no Cairo em um mês.
O secretário de Estado americano, John Kerry, saudou o acordo, esperando que esta nova trégua seja mantida e permita prever um acordo de longo prazo entre israelenses e palestinos, assim como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que espera que o cessar-fogo seja um "prelúdio de um processo político".
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Entre os principais pontos de acordo revelados pelo chefe da delegação palestina no Cairo, Azzam al-Ahmed, está "a abertura de passagens para as necessidades humanitárias, alimentos, material médico e tudo o que permita reparar os sistemas de água, de eletricidade e de telefonia móvel".
Nada foi dito a respeito de possíveis restrições a importações de material de construção ou sobre a retomada das exportações a partir de Gaza.
A retirada das restrições aos pescadores parece ter sido mantida, com a limitação da zona de pesca a 3 milhas náuticas devendo ser passada para 6 milhas (11km) e, depois, para 12, segundo Ahmed.
A questão da desmilitarização da Faixa de Gaza, uma exigência israelense, deve ser discutida no Cairo durante negociações, assim como as palestinas, de reabertura do aeroporto e do porto.
Na noite desta terça, o momento era de festa para os palestinos.
Vários líderes do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e da Jihad Islâmica, a segunda força no enclave palestino, apareceram em público pela primeira vez em 50 dias.
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Mahmud Zahar, um alto dirigente do Hamas na Faixa de Gaza e Mohamed al-Hindi, um líder da Jihad Islâmica, pronunciaram um discurso diante de milhares de palestinos no bairro de Rimal, no oeste da Cidade de Gaza, em um sinal da união nascida pouco antes do conflito.
Pela primeira vez, os palestinos enviaram ao Cairo uma delegação representando o Hamas, a Jihad Islâmica e a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), à qual pertence a Autoridade Palestina.
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12 de junho - Três adolescentes desapareceram na Cisjordânia. Exército israelense estabeleceu controle nas estradas da região de Gush Etzion e de Hebron e fez batidas em um bairro da localidade palestina de Dura, ao sudoeste de Hebron, para encontrá-los.
Foto: AP
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14 de junho - Israel detém 80 palestinos e bloqueia Cisjordânia durante busca por adolescentes. Exército israelense informou do "fechamento de todo o distrito da Judeia e Samaria
Foto: Nasser Shiyoukhi
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15 de junho - Chefe do Parlamento palestino e membro do Hamas, Aziz Dweik foi preso por tropas de Israel, durante uma onda de prisões ligadas a uma caçada em massa por três adolescentes sequestrados.
Foto: AFP
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18 de junho - Soldados israelenses entram em uma casa à procura de três adolescentes israelenses desaparecidos, que temem terem sido sequestrados por militantes palestinos, na aldeia de Taffouh perto da cidade de Hebron
Foto: AP
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20 de junho - Soldados israelenses participam de operação de buscas na Cisjordânia. Durante a operação, o exército israelense deteve 25 palestinos na Cisjordânia
Foto: Reuters
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20 de junho - Como retaliação ao sequestro dos adolescentes israelenses, exército israelense mata adolescente palestino. Jovem foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron
Foto: AFP
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22 de junho - Exército israelense continua operação contra o movimento islamita Hamas por causa do desaparecimento de três jovens judeus há nove dias. Outros dois palestinos são mortos em ações do Exército israelense
Foto: AP
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22 de junho - Adolescente israelense morre em explosão nas Colinas de Golã. Fato na Colinas de Golã (foto) coincide com uma espiral de tensão na região pelo suposto sequestro de três adolescentes israelenses em um cruzamento da Cisjordânia
Foto: Wikimedia
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29 de junho - Milhares de israelenses se reúnem para uma manifestação pedindo a libertação dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho, em Tel Aviv, Israel
Foto: Oded Balilty
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29 de junho - Uma mulher israelense detém um cartaz com fotos dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho
Foto: Oded Balilty
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30 de junho - Milicianos palestinos dispararam no começo da manhã desta segunda-feira 16 foguetes contra o sul de Israel, em uma nova reviravolta a uma escalada que começou com o suposto sequestro de três adolescentes na Cisjordânia.
Foto: Reuters
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30 de junho - As forças de segurança israelenses encontraram nesta segunda-feira os corpos de três adolescentes que desapareceram na Cisjordânia no começo do mês e confirmaram que de fato se trata dos estudantes seminaristas procurados desde 12 de junho
Foto: Oded Balilty
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01 de julho - Jovem palestino Yussuf Abu Zagher, 18 anos, foi morto pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, no extremo-norte da Cisjordânia
Foto: Mohammed Ballas
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01 de julho - Israel bombardeou dezenas de locais na Faixa de Gaza, atacando alvos do Hamas depois da descoberta dos corpos de três adolescentes cujo sequestro e morte o país atribuiu ao grupo militante palestino
Foto: Nasser Shiyoukhi
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01 de julho - Milhares de israelenses participam dos funerais pelos três adolescentes israelenses que foram sequestrados em 12 de junho na Cisjordânia
Foto: Gil Cohen Magen
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02 de julho - Pessoas observam os escombros da casa do palestino Ziad Awad, no sul da Cisjordânia. Israel demoliu a casa do palestino, preso este mês sob a acusação de ter matado à bala um policial israelense à paisana em abril, informou o Exército
Foto: Reuters
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03 de julho - Exército israelense confirmou que a Força Aérea atacou posições islamitas em represália ao disparo de cerca de 20 foguetes da Faixa de Gaza
Foto: Mohammed Salem
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04 de julho - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo. Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém
Foto: Baz Ratner
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07 de julho - Sete combatentes palestinos morreram e dois eram considerados desaparecidos após ataques na aéreos israelenses na madrugada de domingo para segunda-feira na Faixa de Gaza
Foto: Hatem Moussa
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08 de julho - Pelo menos 25 palestinos, incluindo crianças, morreram e quase 100 outros ficaram feridos em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, executados em resposta aos disparos de foguetes, de acordo com o serviço de emergência palestino.
Foto: AFP
O Hamas, que infligiu as maiores perdas ao Exército israelense desde 2006, com 64 soldados mortos, reivindicou a "vitória", afirmando ter derrotado "a lenda do Exército israelense que se dizia invencível" e conseguido a redução do bloqueio, principal reivindicação dos palestinos.
A operação israelense "Barreira Protetora" deixou 2.143 mortos e 11.000 feridos na Faixa de Gaza e cerca de 475.000 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Cerca de 55.000 casas foram atingidas pelos ataques israelenses, sendo pelo menos 17.200 totalmente ou quase totalmente destruídas, segundo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.
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O presidente palestino, Mahmud Abbas, alertou que os palestinos não se envolverão em novas "negociações obscuras".
"Gaza sofreu três guerras entre 2008 e 2009, em 2012 (e em 2014). Devemos esperar uma nova guerra em um ou dois anos? E até quando a questão palestina continuará sem solução?", lançou.
A direção palestina se prepara para exigir que a comunidade internacional fixe uma data limite para o fim da ocupação israelense dos Territórios Palestinos. Se sua exigência não for ouvida, eles ameaçam aderir ao Tribunal Penal Internacional (TPI), o que permitirá aos palestinos processar autoridades israelenses por operações na Faixa de Gaza.
O acordo de cessar-fogo põe fim a 50 dias de violência e a várias semanas de negociações, interrompidas por tréguas temporárias rompidas com frequência.
O último cessar-fogo fracassou depois de nove dias. Há uma semana, a violência voltou com força, com 121 palestinos e três israelenses mortos, elevando para seis o número de civis mortos em território israelense desde o início da guerra em 8 de julho.
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Ainda nesta terça, 12 palestinos morreram. Em Israel, dois civis israelenses morreram na queda de um morteiro no sul.
Conheça um pouco mais sobre a região, que tem um quarto do tamanho do município de São Paulo, mas uma enorme importância para a história do Oriente Médio
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