Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), que tentam conquistar a cidade curda de Kobane, ao norte da Síria, abandonaram alguns bairros, após bombardeios da coalizão liderada pelos Estados Unidos, afirmou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
"Os combatentes do EI tiveram que sair de alguns setores do leste de Ain al-Arab (nome árabe de Kobane) e da periferia sudoeste", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor da ONG.
Os jihadistas não estão mais presentes no oeste, mas mantêm as posições no leste da cidade e na periferia sul, de acordo com Rahman.
A coalizão internacional - liderada pelos Estados Unidos - voltou a bombardear os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) nesta quarta-feira. Uma fumaça escura era observada sobre uma colina da zona leste da cidade, cenário de conflitos dos últimos dias entre combatentes curdos e as forças do EI.
Durante a terça-feira, os aviões da coalizão também bombardearam em várias ocasiões as posições dos jihadistas na região e dentro da cidade, que tem o nome Ain al-Arab em árabe. O grupo EI entrou na segunda-feira à noite em Kobane, depois de quase três semanas de combates nas proximidades da cidade, que fica muito perto da fronteira com a Turquia.
Na terça-feira, os combates provocaram muitos danos no leste, oeste e sul de Kobane. A coalizão executou vários ataques ao redor da cidade. Mustafah Ebdi, jornalista e militante curdo, informou em sua página no Facebook que "as ruas do bairro de Maqtala, ao sudeste de Kobane, estão repletas de corpos de combatentes" do EI.
A ofensiva do EI, que conseguiu tomar 70 aldeias no caminho para Kobane, obrigou cerca de 300 mil pessoas a deixarem suas casas, e mais de 190 mil se refugiaram na Turquia.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considerou nesta terça-feira que "despejar bombas do ar não acabará com o terror."
"O terror não vai parar até que cooperemos por uma operação terrestre com os que travam combate no terreno", considerou Erdogan.
"Os meses se passaram e não conseguimos resultado algum. Kobane está prestes a cair", acrescentou o premiê turco diante de refugiados sírios em um acampamento de Gaziantep (sul da Turquia).
O avanço do EI no norte da Síria colocou a Turquia na linha de frente do conflito. Apesar de ainda não intervir militarmente, o Exército turco recebeu autorização do Parlamento para atuar no Iraque e na Síria, enquanto Estados Unidos e outros aliados da coalizão descartaram a mobilização de tropas terrestres.
Protestos contra assédio jihadista na Turquia deixam mortos
Quatorze pessoas morreram na noite de terça-feira na Turquia durante os protestos de manifestantes curdos contra o assédio jihadista à cidade curdo-síria de Kobane, informa a imprensa local nesta quarta-feira.
Embora não existam números oficiais, a agência "Anadolu" fixa momentaneamente o número em 12 vítimas, sendo oito delas na cidade de Diyarbakir, enquanto vários jornais falam em até 14 mortos.
Salvo um jovem que morreu na terça-feira na província de Mus devido à explosão de um botijão de gás, as mortes são consequência de confrontos de rua entre ativistas curdos de esquerda e militantes islamitas.
Os primeiros são simpatizantes da guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), enquanto os outros se identificam como seguidores da organização Hizbullah (sem relação com o partido libanês de mesmo nome), afirma o jornal "Hürriyet".
Essa organização, que na década de 1990 cometeu atos terroristas contra simpatizantes do PKK, supostamente com o apoio dos serviços secretos turcos, foi refundada em 2012 como partido com o nome de Hüda-Par.
O motivo dos protestos, que começaram na noite da segunda-feira, é a recusa do governo turco de socorrer a cidade sírio-curda de Kobani, assediada pelo grupo jihadista Estado Islâmico, ou de abrir sua fronteira para permitir que chegue ajuda.
A maioria das vítimas dos protestos morreram em tiroteios de rua e há dezenas de pessoas gravemente feridas internadas nos hospitais.
Houve oito mortos em Diyarbakir, a "capital" curda da Turquia, dois em Siirt, um em Batman e dois em Mardin, fora o jovem que morreu em Mus, segundo o "Hürriyet".
Em várias cidades da Turquia, incluídas Ancara, Istambul e Esmirna, houve protestos de grande tamanho, nas quais se levantaram barricadas e incendiaram ônibus. A Polícia interveio com o uso de gás lacrimogêneo e jatos d'água contra ativistas que lançavam paralelepípedos.
Em Diyarbakir "nenhuma das mortes se deve à atuação das forças de segurança", garantiu à agência "Anadolu" o ministro da Agricultura, Mehdi Eker.
Nesta cidade, as autoridades proibiram a saída à rua até o amanhecer da quinta-feira, enquanto em vários municípios de outras cinco províncias, o toque de recolher é "até que seja dada uma nova ordem".
Com informações da EFE e AFP.