O secretário americano de Estado, John Kerry, iniciou nesta quarta-feira em Bagdá um giro para formar uma coalizão contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI), cujo plano de ação será apresentado nas próximas horas pelo presidente Barack Obama.
A comunidade internacional redobra seus esforços para enfrentar a crescente ameaça do EI, que semeia o terror nas regiões conquistadas na Síria e no Iraque, que declarou um califado entre os dois países e decapitou dois jornalistas americanos.
O presidente francês, François Hollande, também viajará na sexta-feira ao Iraque antes de organizar na segunda-feira, em Paris, uma conferência sobre a segurança neste país.
No âmbito militar, os Estados Unidos prosseguem com sua campanha de bombardeios iniciada em 8 de agosto contra posições do EI no norte do Iraque. Isso significa uma ajuda crucial para as forças curdas e iraquianas que lutam em terra contra os jihadistas, e que após um revés militar inicial conseguiram recuperar algumas localidades que caíram nas mãos do EI.
A visita de Kerry nesta quarta-feira a Bagdá esteve marcada por um duplo atentado que deixou ao menos 19 mortos na capital iraquiana.
Kerry também se reuniu com o primeiro-ministro, Haidar al-Abadi, no âmbito deste giro pelo Oriente Médio, para consolidar uma coalizão de mais de 40 países contra os jihadistas.
O secretário de Estado felicitou Abadi por seu compromisso para lutar contra o EI e o encorajou a realizar as reformas necessárias para envolver todas as comunidades na tomada de decisões em nível interno.
Além disso, declarou que a coalizão internacional projetada por Washington para derrotar os jihadistas no fim irá triunfar. "Todos sabemos - acredito que chegamos a esta conclusão com grande confiança - que, ao fim, nossa coalizão mundial eliminará a ameaça do Iraque, da região e do mundo", disse.
Ele acrescentou que o exército iraquiano deverá ser reconstruído como parte da estratégia global que será apresentada pelo presidente Obama.
"O exército iraquiano será reconstituído e treinado (...) não apenas graças à ajuda dos Estados Unidos, mas de outros países também", explicou.
Abadi, por sua vez, afirmou que seu país está "disposto a combater este câncer no Iraque" e afirmou que "a comunidade internacional tem a responsabilidade de proteger o Iraque e toda a região desta organização terrorista".
Kerry realiza sua segunda visita ao Iraque desde o início da ofensiva do EI, em 9 de junho, com o objetivo de fornecer o apoio de Washington ao Iraque e debater o papel crucial que este país deve ter na coalizão.
Depois de Bagdá, Kerry viajará a Jidá (oeste da Arábia Saudita) para se encontrar com os ministros das Relações Exteriores de seis monarquias árabes do Golfo, que pediram mais detalhes sobre sua participação na coalizão.
Também estarão presentes representantes de Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia nesta reunião, que ocorre após o anúncio dos países da Liga Árabe de que irão enfrentar grupos terroristas, incluindo o EI.
Para Kerry, trata-se de colocar em andamento "a maior coalizão possível de aliados em todo o planeta para enfrentar o EI". Os Estados Unidos deram um impulso definitivo a esta ideia após a cúpula da semana passada da Otan na qual vários países assentaram as bases da coalizão.
Após uma série de hesitações que provocaram críticas, Obama apresentará na noite desta quarta-feira (22h00 de Brasília) a estratégia dos Estados Unidos contra o EI, durante um pronunciamento.
"Quero que os americanos compreendam a natureza da ameaça (...) e que confiem que podemos enfrentá-la", declarou Obama no domingo. O presidente se manteve, no entanto, fiel a sua linha. Haverá uma segunda fase mais ofensiva de bombardeios aéreos no Iraque, mas não tropas americanas em terra.
O principal ponto de interrogação é a eventual ampliação dos bombardeios aéreos à Síria, onde o EI controla parte do território.
Segundo os jornais New York Times e Washington Post, o presidente autorizaria bombardeios na Síria. O EI "não respeita fronteiras internacionais. Não se pode deixar a eles um lugar de refúgio (...) O presidente será muito claro", disse ao Washington Post Michele Flournoy, ex-vice-secretária da Defesa, que figurou entre os especialistas que se reuniram com Obama na segunda-feira.