O líder supremo do Irã aprovou uma cooperação com os Estados Unidos para combater o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI), fontes em Teerã confirmaram ao serviço iraniano da BBC.
O aiatolá Ali Khamenei teria autorizado seu mais alto oficial, o general Qasem Soleimani, a coordenar operações militares com as forças americanas, iraquianas e curdas.
Desde a Revolução Islâmica no Irã em 1979, Washington e Teerã mantêm um relacionamento tenso. Washington cortou relações com Teerã no ano seguinte à revolução, quando estudantes iranianos ocuparam a embaixada americana na capital e fizeram 52 americanos reféns.
O Irã também tradicionalmente se opôs ao envolvimento americano no Iraque, atualmente um aliado do governo iraniano. No entanto, o país de maioria xiita acredita que o EI - um grupo de extremistas sunitas que considera os xiitas hereges - é uma séria ameaça.
Ataques aéreos
No mês passado, bombardeios americanos ajudaram milícias xiitas apoiadas pelo Irã e forças curdas a romper um cerco de dois meses do Estado Islâmico na cidade de Amerli, no norte iraquiano.
O EI tomou partes do norte e do oeste do Iraque e do leste da Síria nos últimos meses.
Forças americanas começaram a realizar ataques aéreos em posições do EI em agosto, depois que o grupo ocupou diversas cidades no norte do país.
O general Soleimani já tem trabalhado nos últimos meses fortalecendo as defesas de Bagdá com a ajuda das milícias xiitas.
Em uma foto divulgada na internet, ele aparecia no norte do Iraque na época do rompimento do cerco de Amerli - uma indicação de que a cooperação entre EUA e Irã já pode ter começado.
'Sem soldados em terra'
Reunidos em uma cúpula no País de Gales, líderes da Otan dizem querer formar uma coalizão militar contra o EI.
"Precisamos atacá-los de forma a impedir que eles dominem mais território, a reforçar as forças de segurança do Iraque e de outros (países) na região que estejam preparados para enfrentá-los, sem comprometermos nossos soldados", disse o secretário de Estado americano, John Kerry, segundo a agência de notícias Reuters.
"Eu acho que este é o limite até onde vamos ir: sem soldados em terra", afirmou.
A brutalidade do EI - incluindo assassinatos em massa e o sequestro de membros de minorias étnicas e religiosas, além da decapitação de jornalistas - causou indignação em todo o mundo.
No mês passado, forças iraquianas e curdas conseguiram retirar o EI de partes do norte do Iraque, mas o grupo ainda controla o que declarou ser um califado entre Síria e Iraque.