Netanyahu empata com rival em eleição israelense, mostra boca de urna

17 mar 2015 - 19h41
(atualizado às 19h41)

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conseguiu reduzir nesta terça-feira a distância para seu rival de centro-esquerda Isaac Herzog em uma acirrada disputa eleitoral, mostraram algumas pesquisas de boca de urna, com os dois candidatos demonstrando chances de se tornar o novo governante do país, embora Netanyahu tenha um caminho mais livre para a formação de uma coalizão.

Premiê israelense Netanyahu durante votação em Ashkelon. 17/03/2015.
Premiê israelense Netanyahu durante votação em Ashkelon. 17/03/2015.
Foto: Baz Ratner / Reuters

O novo partido Kulanu, de centro e liderado por um ex-integrante do Likud, partido direitista de Netanyahu, deve se mostrar decisivo na definição de um novo líder nas negociações para a formação de uma coalizão de governo, previstas para durar algumas semanas.

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Duas pesquisas conduzidas por canais de TV, o Canal 10 e o Canal 1, mostraram o Likud e o União Sionista, de Herzog, empatados com 27 assentos cada um no Knesset, o Parlamento israelense. O canal 2, por sua vez, disse que Netanyahu possuía uma leve vantagem, com 28 assentos, enquanto Herzog asseguraria 27.

Os resultados finais só devem ser conhecidos na manhã de quarta-feira.

Nos últimos dias de campanha, as pesquisas de intenção de voto mostraram o União Sionista com uma vantagem de três a quatro assentos sobre o Likud, uma margem que parecia dar a Herzog a oportunidade de impor uma derrota ao atual primeiro-ministro.

A eleição acabou se transformando em um referendo sobre se os israelenses estão cansados ou não do líder que chamam de “Bibi”, após ele passar nove anos no poder, com três mandatos consecutivos.

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Netanyahu deu passos ousados na tentativa de angariar apoio entre eleitores de direita, revertendo posicionamentos na véspera da eleição por meio de um anúncio no qual afirmou que nunca permitiria a criação de um Estado palestino.

No dia da eleição, ele acusou grupos esquerdistas de tentarem retirá-lo do poder ao levarem eleitores árabes israelenses de ônibus até as seções eleitorais, declaração que provocou duras críticas por parte de Washington.

Se as pesquisas de boca de urna se mostrarem certas, Netanyahu pode ter um caminho mais suave para formar uma coalizão de governo, tendo ao seu lado aliados tradicionais de partidos religiosos e de direita.

Mas Herzog também tem chances de prevalecer, caso o Kulanu e um bloco formado por árabes israelenses – que segundo as pesquisas pode se tornar o terceiro maior partido de Israel – o apoiem.

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Um governo de unidade nacional reunindo os dois maiores partidos também é possível, embora Netanyahu tenha rejeitado tal coalizão antes da votação.

RELACIONAMENTO ESTREMECIDO

Um quarto mandato de Netanyahu deve provavelmente prolongar o estremecimento nas relações com o principal aliado de Israel, os Estados Unidos, pelo menos enquanto Barack Obama esteja ocupando a Casa Branca.

Em um possível sinal de nervosismo, Netanyahu usou o Facebook para denunciar o que disse ser um esforço de grupos não governamentais de esquerda para fazer com que o voto de árabes israelenses o coloque em desvantagem na eleição.  

“O governo de direita está em perigo”, escreveu ele. “Eleitores árabes estão indo votar em levas. ONGs esquerdistas estão os levando em ônibus.”

O comentário provocou uma reação de Washington, onde o governo Obama continua irritado com Netanyahu por causa de um discurso proferido por ele no Congresso dos EUA, no qual o premiê israelense fez oposição às negociações com o Irã sobre temas nucleares.

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“Estamos sempre preocupados, falando de modo amplo, com qualquer declaração que possa ter como alvo a marginalização de certas comunidades”, disse a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jen Psaki.

Alguns inimigos políticos de Netanyahu chegaram a acusá-lo de racismo por causa das declarações.

Nenhum partido conseguiu obter uma ampla maioria parlamentar nos 67 anos de história de Israel. Cabe ao presidente israelense, após consultas junto aos partidos que conquistaram assentos no Parlamento, escolher um líder para que tente formar uma coalizão de governo.

O nomeado terá até 42 dias para negociar uma coalizão, e Israel pode ter que esperar até meados de maio para ter um novo governo. 

(Reportagem adicional de Dan Williams e Allyn Fisher-Ilan)

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