Obama assume responsabilidade por morte de reféns da Al-Qaeda em operação

23 abr 2015 - 16h18
(atualizado às 16h18)

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quinta-feira a morte de dois reféns da Al-Qaeda, um americano e um italiano, assassinados por erro em uma operação americana na fronteira afegã-paquistanesa, um incidente pelo qual o presidente assumiu "responsabilidade total".

"Quero expressar nossas condolências às famílias dos dois reféns, o americano Warren Weinstein e o italiano Giovanni Lo Porto, que morreram tragicamente em uma operação antiterrorista americana", disse Obama.

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"Como presidente e comandante em chefe, assumo a responsabilidade total por todas as operações antiterroristas, incluindo a que de maneira inadvertida tirou as vidas de Warren e Giovanni", disse o presidente à imprensa.

A Itália, por sua vez, classificou de "erro trágico e fatal de nossos aliados" a morte do italiano Lo Porto, mas acrescentou que toda a responsabilidade é dos terroristas.

O ministério das Relações Exteriores italiano afirmou em um comunicado que Lo Porto morreu "pelo trágico e fatal erro de nossos aliados americanos, reconhecido pelo presidente (Barack) Obama".

"A responsabilidade por sua morte e pela do (refém americano) Warren Weinstein, no entanto (...) é toda dos terroristas, contra os quais confirmamos o compromisso da Itália junto a nossos aliados".

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Na operação, realizada em janeiro contra uma base da Al-Qaeda na fronteira entre Afeganistão e Paquistão, também ocorreu a morte de Ahmed Faruq, um americano líder da rede jihadista, informou a Casa Branca.

"Identificaremos as lições que podem ser aprendidas com esta tragédia e qualquer mudança que deva ser feita. Faremos o máximo possível para garantir que isso não se repita", disse Obama.

Obama informou ter comunicado diretamente o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, sobre os detalhes do ocorrido.

Pouco depois, um porta-voz da Casa Branca declarou que o governo pagará compensações às famílias dos reféns que morreram no ataque.

"Será dada uma indenização às duas famílias", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, acrescentando que os últimos detalhes ainda devem ser acordados.

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Weinstein, um trabalhador humanitário de 73 anos, foi sequestrado pela Al-Qaeda em agosto de 2011 na cidade paquistanesa de Lahore. La Porto, também um trabalhador humanitário de 39 anos, desapareceu em 2012 também no país.

"Estamos devastados por esta notícia e por saber que meu marido nunca retornará a salvo para casa", declarou em um comunicado a viúva de Weinstein, Elaine.

Ela acrescentou que a Al-Qaeda tem a responsabilidade final pela morte de seu marido.

"Os que capturaram Warren há três anos têm a responsabilidade final por sua morte", disse, acrescentando que "o covarde comportamento dos que detiveram Warren (...) não está em conformidade com o Islã" e que "terão que responder diante de Deus".

Elaine também criticou a assistência irregular e decepcionante da administração americana a sua família durante o tempo em que seu marido esteve sequestrado.

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Já Obama, embora tenha lamentado a morte dos reféns, afirmou que a operação "eliminou perigosos membros da Al-Qaeda", explicando que a informação que tinha no momento justificava o ataque.

"Baseados na inteligência que havíamos obtido no momento, incluindo centenas de horas de vigilância, acreditávamos que esta era uma base da Al-Qaeda, que não havia civis presentes, e que não era possível capturar estes terroristas", disse o presidente, que não aceitou perguntas dos jornalistas.

O comunicado da Casa Branca não especificou qual agência americana realizou a operação, sugerindo que um braço de inteligência foi o responsável, e não uma unidade militar.

Se isso for confirmado, uma nova polêmica se instalará sobre as operações antiterroristas de Obama, que apesar de ter conseguido matar o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, em uma operação, dependeu fortemente de ataques secretos com drones.

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Outro americano, o porta-voz da rede terrorista Adam Gadahn, morreu em uma operação antiterrorista separada, realizada em janeiro.

No entanto, embora Faruq e Gadahn fossem membros da Al-Qaeda, nenhum dos dois era um alvo específico, e não se conhecia sua localização no local dos ataques, informou a Casa Branca.

Diante das revelações sobre o resultado do ataque, vários legisladores pediram publicamente medidas de controle sobre o programa ofensivo utilizando aviões não tripulados.

A senadora governista Dianne Feinstein fez um apelo para que seja elaborado "um informe anual sobre o número de mortes, tanto de combatentes quanto de civis, devido aos ataques americanos".

Já o senador opositor John McCain defendeu a continuidade do programa de drones, mas afirmou que o incidente que provocou a morte dos dois reféns deverá ser alvo de uma análise.

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O vice-diretor legal da União Americana de Liberdades Civis, Jameel Jaffer, questionou a qualidade dos informes de inteligência que apoiaram o ataque.

"As novas revelações apresentam problemáticas sobre a confiabilidade da inteligência que o governo está repassando para justificar os ataques com drones", disse.

Para Jaffer, "em cada uma das operações divulgadas hoje, os Estados Unidos literalmente não sabiam quem estavam matando".

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