O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta quinta-feira o fim da onda de violência na Faixa de Gaza, causada pelos ataques recíprocos entre palestinos e israelenses, devido ao temor de uma escalada bélica na região.
"A região não pode suportar outra guerra", afirmou Ban na reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada com urgência para tentar encontrar soluções para a crise que já deixou dezenas de mortos, a maioria civis palestinos.
A reunião começou minutos depois das 10h locais (11h de Brasília), porém, depois dos discursos públicos iniciais, os integrantes do Conselho de Segurança se retiraram para fazer consultas privadas.
Conheça um pouco mais sobre essa região, que tem um quarto do tamanho do município de São Paulo, mas uma enorme importância para a história do Oriente Médio.
Não houve anúncios sobre os resultados dessas conversas. Fontes da ONU disseram para a Agência Efe esta noite que a reunião estava fechada e que para amanhã não estava previsto o prosseguimento das deliberações.
Publicidade
Na reunião, presidida pelo chefe da missão de Ruanda, o embaixador Eugene Gasana, Ban disse que 88 palestinos morreram na onda de violência dos últimos dias, a maioria deles civis, pelos ataques das forças israelenses. "Vivemos o risco de uma escalada total, com a ameaça ainda palpável de uma ofensiva terrestre", afirmou Ban ao apresentar um relatório sobre a situação no Oriente Médio no Conselho de Segurança.
Na apuração dos acontecimentos, Ban disse que o Hamas e a Jihad Islâmica lançaram de Gaza mais de 550 foguetes e granadas de morteiro contra Israel, e as forças israelenses realizaram mais de 500 ataques aéreos sobre a Faixa.
Além dos 88 mortos que mencionou, o secretário-geral da ONU relatou que outras 339 pessoas ficaram feridas e que, até a tarde de quarta-feira, 150 imóveis foram destruídos ou ficaram gravemente danificados. "É mais urgente do que nunca tentar encontrar denominadores comuns para que volte a calma e se consiga um entendimento para o cessar-fogo", afirmou o secretário-geral da ONU em seu discurso. "Mais uma vez, são os civis os que pagam o preço", insistiu. "Minha maior preocupação é a segurança e o bem-estar dos civis, independente de onde estiverem", comentou.
Ao apresentar seu relatório, Ban lembrou que vem insistindo na condenação dos ataques "indiscriminados" com foguetes de Gaza contra Israel, assim como do "excessivo uso da força" por parte das forças israelenses e sobre o risco que correm os civis, sem apontar responsabilidades precisas.
Publicidade
Ban fez um pedido à comunidade internacional para que se evite uma escalada da violência e disse que a situação atual é "um dos testes mais difíceis para a região nos últimos anos". "A região exige atitudes sensatas e ideias novas", opinou Ban, que também relatou ter discutido o tema com líderes regionais e internacionais nas últimas horas para somar esforços a fim de evitar uma escalada de violência.
Foram convidados para a reunião o representante de Israel, Ron Prosor, e o observador permanente da Palestina na ONU, Riyad Mansur, que trocaram acusações e apontaram razões de fundo e conjunturais que levaram à atual crise em Gaza.
Mansur criticou a ocupação israelense dos territórios palestinos e pediu o fim do derramamento de sangue em Gaza por uma onda de violência que "paralisou" a Faixa durante o mês do Ramadã. "O Conselho de Segurança não pode permanecer paralisado e à margem dos crimes de guerra de Israel contra a população civil da Palestina na Faixa de Gaza e no restante da Palestina ocupada, inclusive Jerusalém Oriental, em um novo ciclo de violência que arrasa tudo em seu caminho", insistiu Mansur.
O chefe da missão israelense, por sua vez, disse que enquanto falava, "uma tempestade de foguetes" estavam sendo lançados de Gaza pelo Hamas, com uma frequência de um a cada 10 minutos nos últimos três dias. Além disso, trouxe um aparelho com o qual reproduziu uma gravação de áudio na qual era possível ouvir uma sirene alertando sobre a proximidade de um desses foguetes. "15 segundos é todo o tempo que uma pessoa tem para correr e salvar sua vida. Imaginem só, 15 segundos para encontrar um refúgio", insistiu Prosor, que acrescentou que "a ameaça representada pelo terrorismo é global" e nenhuma nação "está imune".
Publicidade
1 de 20
12 de junho - Três adolescentes desapareceram na Cisjordânia. Exército israelense estabeleceu controle nas estradas da região de Gush Etzion e de Hebron e fez batidas em um bairro da localidade palestina de Dura, ao sudoeste de Hebron, para encontrá-los.
Foto: AP
2 de 20
14 de junho - Israel detém 80 palestinos e bloqueia Cisjordânia durante busca por adolescentes. Exército israelense informou do "fechamento de todo o distrito da Judeia e Samaria
Foto: Nasser Shiyoukhi
3 de 20
15 de junho - Chefe do Parlamento palestino e membro do Hamas, Aziz Dweik foi preso por tropas de Israel, durante uma onda de prisões ligadas a uma caçada em massa por três adolescentes sequestrados.
Foto: AFP
4 de 20
18 de junho - Soldados israelenses entram em uma casa à procura de três adolescentes israelenses desaparecidos, que temem terem sido sequestrados por militantes palestinos, na aldeia de Taffouh perto da cidade de Hebron
Foto: AP
5 de 20
20 de junho - Soldados israelenses participam de operação de buscas na Cisjordânia. Durante a operação, o exército israelense deteve 25 palestinos na Cisjordânia
Foto: Reuters
6 de 20
20 de junho - Como retaliação ao sequestro dos adolescentes israelenses, exército israelense mata adolescente palestino. Jovem foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron
Foto: AFP
7 de 20
22 de junho - Exército israelense continua operação contra o movimento islamita Hamas por causa do desaparecimento de três jovens judeus há nove dias. Outros dois palestinos são mortos em ações do Exército israelense
Foto: AP
8 de 20
22 de junho - Adolescente israelense morre em explosão nas Colinas de Golã. Fato na Colinas de Golã (foto) coincide com uma espiral de tensão na região pelo suposto sequestro de três adolescentes israelenses em um cruzamento da Cisjordânia
Foto: Wikimedia
9 de 20
29 de junho - Milhares de israelenses se reúnem para uma manifestação pedindo a libertação dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho, em Tel Aviv, Israel
Foto: Oded Balilty
10 de 20
29 de junho - Uma mulher israelense detém um cartaz com fotos dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho
Foto: Oded Balilty
11 de 20
30 de junho - Milicianos palestinos dispararam no começo da manhã desta segunda-feira 16 foguetes contra o sul de Israel, em uma nova reviravolta a uma escalada que começou com o suposto sequestro de três adolescentes na Cisjordânia.
Foto: Reuters
12 de 20
30 de junho - As forças de segurança israelenses encontraram nesta segunda-feira os corpos de três adolescentes que desapareceram na Cisjordânia no começo do mês e confirmaram que de fato se trata dos estudantes seminaristas procurados desde 12 de junho
Foto: Oded Balilty
13 de 20
01 de julho - Jovem palestino Yussuf Abu Zagher, 18 anos, foi morto pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, no extremo-norte da Cisjordânia
Foto: Mohammed Ballas
14 de 20
01 de julho - Israel bombardeou dezenas de locais na Faixa de Gaza, atacando alvos do Hamas depois da descoberta dos corpos de três adolescentes cujo sequestro e morte o país atribuiu ao grupo militante palestino
Foto: Nasser Shiyoukhi
15 de 20
01 de julho - Milhares de israelenses participam dos funerais pelos três adolescentes israelenses que foram sequestrados em 12 de junho na Cisjordânia
Foto: Gil Cohen Magen
16 de 20
02 de julho - Pessoas observam os escombros da casa do palestino Ziad Awad, no sul da Cisjordânia. Israel demoliu a casa do palestino, preso este mês sob a acusação de ter matado à bala um policial israelense à paisana em abril, informou o Exército
Foto: Reuters
17 de 20
03 de julho - Exército israelense confirmou que a Força Aérea atacou posições islamitas em represália ao disparo de cerca de 20 foguetes da Faixa de Gaza
Foto: Mohammed Salem
18 de 20
04 de julho - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo. Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém
Foto: Baz Ratner
19 de 20
07 de julho - Sete combatentes palestinos morreram e dois eram considerados desaparecidos após ataques na aéreos israelenses na madrugada de domingo para segunda-feira na Faixa de Gaza
Foto: Hatem Moussa
20 de 20
08 de julho - Pelo menos 25 palestinos, incluindo crianças, morreram e quase 100 outros ficaram feridos em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, executados em resposta aos disparos de foguetes, de acordo com o serviço de emergência palestino.