"Ouvem-se explosões em todo lugar", diz brasileiro em Israel

Brasileiros relataram ao Terra como se tornaram vítimas do conflito entre Israel e Palestina e como vivem a mercê do medo

21 jul 2014 - 14h31
(atualizado às 15h39)

Embora passe de 500 os mortos do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas, há milhares de vítimas do confronto em vida, de ambos os lados da batalha.

Ainda que as pessoas que tenham morrido sejam, em sua vasta maioria, palestinas, residentes da Faixa de Gaza, o medo de morrer também é uma realidade em Israel, mesmo que o sofisticado sistema antimíssil Cúpula de Ferro proporcione uma frágil sensação de proteção. 

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Brasileiros que moram em diferentes regiões de Israel falaram ao Terra e contaram como têm vivido desde o início da nova escalada de bombardeios. Eles explicaram como, junto de amigos e familiares, tiveram as rotinas afetadas pelo temor de ser tonar novas vítimas dessa guerra. Acompanhe.

Rosilana Scaba  

Vive há 11 anos em Haifa, Israel

"Onde eu moro não tocou sirene, mas tocou há 11 quilômetros de onde eu vivo, em Naharia, cerca de 15 a 20 minutos de carro da minha cada. Minha filha não está indo à colônia de férias há uma semana. A gente tem medo de estar na rua porque elas não têm abrigo. Cada casa tem seu quarto antibomba, cujas paredes são revestidas de aço e cujas janelas são feitas com vidro temperado. O problema é que no calor ele esquenta muito e no frio é muito gelado. Eu ainda não tive de usá-lo, mas o clima está tenso no bairro onde eu moro.

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<p>"Há poucas pessoas andando nas ruas e os shoppings estão vazios" conta Rosilana Scaba</p>
"Há poucas pessoas andando nas ruas e os shoppings estão vazios" conta Rosilana Scaba
Foto: Arquivo Pessoal

As pessoas estão indo aos supermercados para comprar pão e enlatados para se abastecer durante os bombardeios. As pessoas estão com medo, principalmente os imigrantes novos, eles estão em pânico. Conheço um imigrante que fica em casa o dia inteiro e dorme com roupa e com o passaporte e o dinheiro nos bolsos para, se for necessário, fugir imediatamente.

Também tem a história de um brasileiro que foi pego de surpresa pela sirene, durante o banho. Ele teve de descer  até o abrigo do prédio onde mora para se proteger. 

Há poucas pessoas andando nas ruas e os shoppings estão vazios.

Meu marido, que é engenheiro, está trabalhando de casa, e faz três semanas que eu não estou trabalhando. É difícil ficar em casa o tempo todo, o calor é muito forte – chega a fazer 35 graus aqui, mas dá medo de sair. No centro e no sul de Israel algumas crianças tiveram de se esconder debaixo dos brinquedos do parquinho.

Na época da guerra com o Líbano, em 2006, eu morava em um prédio antigo e eu lembro que eu tive que me esconder em uma ocasião na escadaria, porque era a parte mais interna do prédio e não tinha janelas. Era o local menos perigoso. Eu tenho um minuto para entrar no abrigo, ou estou sujeita a ser ferida. No sul esse tempo é de 15 segundos e em Tel Aviv, cerca de 45 segundos".

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Gabriel Alon  

Vive há dois meses em Ashkelon, Israel

"Eventualmente algum pedaço de míssil passa e cai, ainda que os misseis sejam interceptados. Há três ou quatro dias caiu um míssil em um descampado e levantou uma poeira gigante e um cheiro horrível de queimado. Nós estávamos a 3 quilômetros do local no momento. Quando decidimos vir para Israel, sabíamos que isso podia acontecer. 

"Todos os dias há interceptação de mísseis do Hamas", conta Gabriel Alon
Foto: Arquivo Pessoal

Eu tive de parar de levar meu bebê de um ano e 9 meses para a escola. Por causa do risco da queda de um míssil as crianças têm de ficar em casa. O curso de hebraico que eu faço foi suspenso porque o local não tem abrigo de segurança. Todos os dias há interceptação de mísseis do Hamas, nós sempre escutamos. 

O Hamas quer saber de destruir Israel porque são contra a liberdade. Eles querem saber do fanatismo e não respeitam ninguém. O Hamas usa seus civis como escudos. Israel tenta defender o seu povo. Não existe uma política de agressão. Israel busca um acordo de paz".

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Kiva Broner  

Vive há quase 34 anos ao sul de Tel Aviv, Israel

"(...) para muitos, esse tipo de coisa é um tremendo transtorno, especialmente para as crianças", explica Kiva Broner
Foto: Arquivo Pessoal

"De modo geral, a população segue as instruções das forças armadas e isso sem dúvida faz com que as baixas entre a população civil seja mínima. Do ponto de vista pessoal, creio que cada cidadão reage aos ataques de acordo com sua personalidade. Para uns, é completamente traumático e para outros, mais um ataque a Israel. As explosões são ouvidas em quase todos os lugares, às vezes bem longe, às vezes perto. Eu sou mais familiarizado com esse tipo de coisa, pois já estive na guerra do Líbano em 1982.

Eu não chego a entrar no shelter (abrigo), mas o meu filho que esteve agora já pouco no exército segue as ordens a risca. Pessoalmente, a minha rotina não mudou em nada, mas para muitos, esse tipo de coisa é um tremendo transtorno, principalmente para crianças que não entendem esse tipo de coisa".

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Foto: Arte Terra

Fonte: Terra
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