Embora passe de 500 os mortos do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas, há milhares de vítimas do confronto em vida, de ambos os lados da batalha.
Ainda que as pessoas que tenham morrido sejam, em sua vasta maioria, palestinas, residentes da Faixa de Gaza, o medo de morrer também é uma realidade em Israel, mesmo que o sofisticado sistema antimíssil Cúpula de Ferro proporcione uma frágil sensação de proteção.
Brasileiros que moram em diferentes regiões de Israel falaram ao Terra e contaram como têm vivido desde o início da nova escalada de bombardeios. Eles explicaram como, junto de amigos e familiares, tiveram as rotinas afetadas pelo temor de ser tonar novas vítimas dessa guerra. Acompanhe.
Rosilana Scaba
Vive há 11 anos em Haifa, Israel
"Onde eu moro não tocou sirene, mas tocou há 11 quilômetros de onde eu vivo, em Naharia, cerca de 15 a 20 minutos de carro da minha cada. Minha filha não está indo à colônia de férias há uma semana. A gente tem medo de estar na rua porque elas não têm abrigo. Cada casa tem seu quarto antibomba, cujas paredes são revestidas de aço e cujas janelas são feitas com vidro temperado. O problema é que no calor ele esquenta muito e no frio é muito gelado. Eu ainda não tive de usá-lo, mas o clima está tenso no bairro onde eu moro.
Publicidade
As pessoas estão indo aos supermercados para comprar pão e enlatados para se abastecer durante os bombardeios. As pessoas estão com medo, principalmente os imigrantes novos, eles estão em pânico. Conheço um imigrante que fica em casa o dia inteiro e dorme com roupa e com o passaporte e o dinheiro nos bolsos para, se for necessário, fugir imediatamente.
Também tem a história de um brasileiro que foi pego de surpresa pela sirene, durante o banho. Ele teve de descer até o abrigo do prédio onde mora para se proteger.
Há poucas pessoas andando nas ruas e os shoppings estão vazios.
Meu marido, que é engenheiro, está trabalhando de casa, e faz três semanas que eu não estou trabalhando. É difícil ficar em casa o tempo todo, o calor é muito forte – chega a fazer 35 graus aqui, mas dá medo de sair. No centro e no sul de Israel algumas crianças tiveram de se esconder debaixo dos brinquedos do parquinho.
Na época da guerra com o Líbano, em 2006, eu morava em um prédio antigo e eu lembro que eu tive que me esconder em uma ocasião na escadaria, porque era a parte mais interna do prédio e não tinha janelas. Era o local menos perigoso. Eu tenho um minuto para entrar no abrigo, ou estou sujeita a ser ferida. No sul esse tempo é de 15 segundos e em Tel Aviv, cerca de 45 segundos".
Publicidade
Gabriel Alon
Vive há dois meses em Ashkelon, Israel
"Eventualmente algum pedaço de míssil passa e cai, ainda que os misseis sejam interceptados. Há três ou quatro dias caiu um míssil em um descampado e levantou uma poeira gigante e um cheiro horrível de queimado. Nós estávamos a 3 quilômetros do local no momento. Quando decidimos vir para Israel, sabíamos que isso podia acontecer.
Eu tive de parar de levar meu bebê de um ano e 9 meses para a escola. Por causa do risco da queda de um míssil as crianças têm de ficar em casa. O curso de hebraico que eu faço foi suspenso porque o local não tem abrigo de segurança. Todos os dias há interceptação de mísseis do Hamas, nós sempre escutamos.
O Hamas quer saber de destruir Israel porque são contra a liberdade. Eles querem saber do fanatismo e não respeitam ninguém. O Hamas usa seus civis como escudos. Israel tenta defender o seu povo. Não existe uma política de agressão. Israel busca um acordo de paz".
Publicidade
Kiva Broner
Vive há quase 34 anos ao sul de Tel Aviv, Israel
"De modo geral, a população segue as instruções das forças armadas e isso sem dúvida faz com que as baixas entre a população civil seja mínima. Do ponto de vista pessoal, creio que cada cidadão reage aos ataques de acordo com sua personalidade. Para uns, é completamente traumático e para outros, mais um ataque a Israel. As explosões são ouvidas em quase todos os lugares, às vezes bem longe, às vezes perto. Eu sou mais familiarizado com esse tipo de coisa, pois já estive na guerra do Líbano em 1982.
Eu não chego a entrar no shelter (abrigo), mas o meu filho que esteve agora já pouco no exército segue as ordens a risca. Pessoalmente, a minha rotina não mudou em nada, mas para muitos, esse tipo de coisa é um tremendo transtorno, principalmente para crianças que não entendem esse tipo de coisa".
Conheça um pouco mais sobre a região, que tem um quarto do tamanho do município de São Paulo, mas uma enorme importância para a história do Oriente Médio
Publicidade
1 de 20
12 de junho - Três adolescentes desapareceram na Cisjordânia. Exército israelense estabeleceu controle nas estradas da região de Gush Etzion e de Hebron e fez batidas em um bairro da localidade palestina de Dura, ao sudoeste de Hebron, para encontrá-los.
Foto: AP
2 de 20
14 de junho - Israel detém 80 palestinos e bloqueia Cisjordânia durante busca por adolescentes. Exército israelense informou do "fechamento de todo o distrito da Judeia e Samaria
Foto: Nasser Shiyoukhi
3 de 20
15 de junho - Chefe do Parlamento palestino e membro do Hamas, Aziz Dweik foi preso por tropas de Israel, durante uma onda de prisões ligadas a uma caçada em massa por três adolescentes sequestrados.
Foto: AFP
4 de 20
18 de junho - Soldados israelenses entram em uma casa à procura de três adolescentes israelenses desaparecidos, que temem terem sido sequestrados por militantes palestinos, na aldeia de Taffouh perto da cidade de Hebron
Foto: AP
5 de 20
20 de junho - Soldados israelenses participam de operação de buscas na Cisjordânia. Durante a operação, o exército israelense deteve 25 palestinos na Cisjordânia
Foto: Reuters
6 de 20
20 de junho - Como retaliação ao sequestro dos adolescentes israelenses, exército israelense mata adolescente palestino. Jovem foi baleado no peito e morreu em um hospital de Hebron
Foto: AFP
7 de 20
22 de junho - Exército israelense continua operação contra o movimento islamita Hamas por causa do desaparecimento de três jovens judeus há nove dias. Outros dois palestinos são mortos em ações do Exército israelense
Foto: AP
8 de 20
22 de junho - Adolescente israelense morre em explosão nas Colinas de Golã. Fato na Colinas de Golã (foto) coincide com uma espiral de tensão na região pelo suposto sequestro de três adolescentes israelenses em um cruzamento da Cisjordânia
Foto: Wikimedia
9 de 20
29 de junho - Milhares de israelenses se reúnem para uma manifestação pedindo a libertação dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho, em Tel Aviv, Israel
Foto: Oded Balilty
10 de 20
29 de junho - Uma mulher israelense detém um cartaz com fotos dos três adolescentes israelenses em falta, temidos raptadas na Cisjordânia em 12 de junho
Foto: Oded Balilty
11 de 20
30 de junho - Milicianos palestinos dispararam no começo da manhã desta segunda-feira 16 foguetes contra o sul de Israel, em uma nova reviravolta a uma escalada que começou com o suposto sequestro de três adolescentes na Cisjordânia.
Foto: Reuters
12 de 20
30 de junho - As forças de segurança israelenses encontraram nesta segunda-feira os corpos de três adolescentes que desapareceram na Cisjordânia no começo do mês e confirmaram que de fato se trata dos estudantes seminaristas procurados desde 12 de junho
Foto: Oded Balilty
13 de 20
01 de julho - Jovem palestino Yussuf Abu Zagher, 18 anos, foi morto pelo Exército israelense, em um ataque contra o campo de refugiados de Jenin, no extremo-norte da Cisjordânia
Foto: Mohammed Ballas
14 de 20
01 de julho - Israel bombardeou dezenas de locais na Faixa de Gaza, atacando alvos do Hamas depois da descoberta dos corpos de três adolescentes cujo sequestro e morte o país atribuiu ao grupo militante palestino
Foto: Nasser Shiyoukhi
15 de 20
01 de julho - Milhares de israelenses participam dos funerais pelos três adolescentes israelenses que foram sequestrados em 12 de junho na Cisjordânia
Foto: Gil Cohen Magen
16 de 20
02 de julho - Pessoas observam os escombros da casa do palestino Ziad Awad, no sul da Cisjordânia. Israel demoliu a casa do palestino, preso este mês sob a acusação de ter matado à bala um policial israelense à paisana em abril, informou o Exército
Foto: Reuters
17 de 20
03 de julho - Exército israelense confirmou que a Força Aérea atacou posições islamitas em represália ao disparo de cerca de 20 foguetes da Faixa de Gaza
Foto: Mohammed Salem
18 de 20
04 de julho - Milhares de pessoas acompanharam a cerimônia entoando hinos e brandindo bandeiras; palestinos e policiais voltaram a entrar em confronto pelo terceiro dia consecutivo. Palestinos enfrentam a polícia israelense em um bairro árabe de Jerusalém
Foto: Baz Ratner
19 de 20
07 de julho - Sete combatentes palestinos morreram e dois eram considerados desaparecidos após ataques na aéreos israelenses na madrugada de domingo para segunda-feira na Faixa de Gaza
Foto: Hatem Moussa
20 de 20
08 de julho - Pelo menos 25 palestinos, incluindo crianças, morreram e quase 100 outros ficaram feridos em ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, executados em resposta aos disparos de foguetes, de acordo com o serviço de emergência palestino.