O pai de um adolescente britânico suspeito de ter se unido ao Estado Islâmico (EI) viajou para a Síria e recuperou em julho seu filho do grupo terrorista, revelou neste domingo o jornal Sunday Times.
Karim Mohammadi, da cidade galesa de Cardiff, viajou primeiro à Turquia, onde alguns aldeões o ajudaram a atravessar a fronteira até a Síria, pois o Reino Unido não tem representação diplomática por causa do conflito civil.
Apesar de outros pais terem tentado fazer o mesmo com seus filhos que se juntaram ao EI, acredita-se que Mohammadi é o primeiro britânico que conseguiu resgatar seu filho, Ahmed.
O jovem de 19 anos é amigo de Reyaad Khan, de 21 anos, e de Naseer Muthana, de 20, dois jihadistas de Cardiff que apareceram em junho em um vídeo do EI pedindo que jovens muçulmanos britânicos se unissem ao grupo armado.
Para conseguir seu objetivo, o pai de Ahmed, de origem curda, pediu primeiro ajuda a sua comunidade em Cardiff, que facilitou vários contatos na Turquia e na Síria que podiam cooperar na localização de seu filho.
"O que Mohammadi fez demonstra coragem familiar e sentido de honra", disse ao jornal uma fonte próxima ao caso.
"Os pais sabem que o governo britânico não pode fazer nada para ajudar a trazer a seus filhos de volta. O governo não tem representação na Síria e se recusa a negociar com militantes ou grupos terroristas", acrescentou a fonte.
Ao retornar em julho ao Reino Unido, o jovem foi detido pela polícia, mas liberado sem acusações no dia seguinte e remetido a um programa do governo conhecido como "Channel", para ajudá-lo a abandonar seus ideais extremistas.
O "Sunday Times" assinalou que o adolescente, que estuda engenharia civil, é um dos mais de 300 jovens britânicos que retornaram ao Reino Unido da Síria e do Iraque.
O governo apresentou há poucos dias no parlamento um projeto de lei sobre segurança, que pretende obrigar universidades e escolas a tomarem medidas para evitar a radicalização de jovens.
Além disso, a nova lei concederá mais poderes à polícia e aos serviços secretos para cancelar os passaportes durante pelo menos 30 dias de indivíduos suspeitos de quererem viajar ao exterior para lutar com milícias extremistas.
As autoridades britânicas aumentaram nos últimos meses o nível de ameaça terrorista contra o Reino Unido de "considerável" para "grave" após os casos de jovens como Ahmed.