Palestinos calculam danos entre R$ 8 e 12 bilhões em Gaza

Valor de danos pode aumentar após cálculos dos efeitos indiretos sobre a população

5 ago 2014 - 11h12
(atualizado às 11h14)
Homem anda entre os destroços de Gaza após 29 dias de conflitos com Israel
Homem anda entre os destroços de Gaza após 29 dias de conflitos com Israel
Foto: MARCO LONGARI / AFP

A guerra na Faixa de Gaza provocou danos calculados entre US$ 4 e 6 bilhões (aproximadamente R$ 8 e 12 bi), afirmou o vice-ministro palestino da Economia, Taysir Amro, que também anunciou uma reunião na Noruega entre países doadores que acontece em setembro.

Amro explicou à AFP que o valor não leva em consideração os "danos diretos que afetam a economia de Gaza e pode aumentar após o cálculo dos efeitos indiretos sobre a população".

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Um balanço mais preciso será elaborado quando a calma retornar ao território palestino superpovoado e submetido a um bloqueio, onde mais de 1.850 pessoas morreram no conflito e quase 500 mil foram obrigadas a abandonar suas casas.

O ministro não revelou detalhes sobre a reunião de países doadores.

Israel e o Hamas iniciaram nesta terça-feira uma trégua no território. As tropas israelenses se retiraram da Faixa de Gaza após 29 dias de ofensiva. O cessar-fogo, obtido com a mediação do Egito e dos Estados Unidos, deve durar, em tese, 72 horas.

Além de centenas de casas destruídas, há uma semana a única central elétrica da Faixa de Gaza parou de funcionar após um bombardeio israelense.

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O território palestino, submetido desde 2006 a um bloqueio imposto por Israel, sofre uma escassez crônica de água e importantes problemas de fornecimento de energia elétrica.

Habitantes de Gaza voltam a seus lares em ruínas

Jairy aproveitou a calma das primeiras horas da nova trégua decretada para voltar a sua casa, mas o cenário que encontrou na cidade de Beit Hanun, convertida em um campo em ruínas, superou tudo que havia imaginado.

Crianças se sentam em frente ao prédio destruído de suas casas
Foto: MARCO LONGARI / AFP

Quando Israel anunciou, depois de dias de bombardeios, o início de sua ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, Jairy Hassan al Masri, sua esposa e seus três filhos abandonaram imediatamente sua bela casinha branca, com um quintal com gramado, palmeira e limoeiro.

De volta ao local pela primeira vez nesta terça-feira nas primeiras horas da trégua de três dias entre Israel e o Hamas, descobriu a magnitude dos danos materiais.

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"Esta é a minha cidade?", questionou-se ao olhar uma fileira de casas destruídas.

A estrutura de sua casa continua em pé, mas as paredes estão cheias de buracos. O quarto de seu filho Hassan, de 11 anos, está coberto de cartuchos. Na sala, há um morteiro abandonado e em outro cômodo um lança-granadas. Em uma das paredes está desenhado um mapa do bairro, com inscrições em hebreu que sugerem que os soldados israelenses usaram a casa como base.

Jairy decidiu voltar sozinho para poupar a família da terrível experiência que ele antecipava. "O que vou dizer a meus filhos e minha mulher? Não quero que vejam isso! Eles vão enlouquecer. Como vou explicar isso?", suspira enquanto avança pelos escombros. "O que fizemos a Netanyahu?", pergunta, referindo-se ao primeiro-ministro israelense.

Como Jairy, milhares de habitantes de Gaza voltaram para checar se sua casa continua de pé. Zakia Shaban Baker Masri, viúva de 74 anos, caminha pelo que restou da residência familiar.

"Quando entrei, comecei a chorar. A poupança de toda uma vida estava aqui, em minha casa. Mas agora não resta nada", lamenta.

A desolação é a mesma na região norte do território palestino. Mohamed, de 22 anos, voltou para ver o apartamento da família totalmente queimado pelos combates.

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"Está tudo destruído. Os prédios já não são habitáveis. Teremos de derrubar e reconstruir tudo. Até lá, não temos onde morar", afirma.

"Milhares de moradias foram totalmente destruídas, fora as outras milhares parcialmente destruídas", afirma Mufid Hasayneh, ministro palestino de Obras Públicas.

O governo espera agora o fim definitivo dos combates para poder iniciar, com a ajuda de fundos estrangeiros, a trabalhosa reconstrução de Gaza.

O ministério palestino de Finanças calcula que as necessidades mais urgentes da reconstrução requerem entre 4 e 6 bilhões de dólares.

Os habitantes do território por ora não têm perspectiva alguma. Só querem o fim do pesadelo que é a ofensiva israelense.

Alguns mais corajosos decidiram dormir entre os escombros, como Jadar al Masri.

Ele colocou um colchonete sobre um pedaço de parede. "É perigoso, mas tudo bem. Vou ficar aqui durante a trégua. Se a guerra recomeçar, volto para um refúgio", explica.

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"Tudo isso é um teste de Deus, mas que ninguém se iluda: nós nos levantaremos de novo", promete.

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