O partido do primeiro-ministro islâmico-conservador Tayyip Erdogan, de 60, confirmou seu poder na Turquia com a clara vitória de seu partido, o AKP, nas eleições municipais deste domingo.
Depois da contagem de 40% das cédulas, os candidatos do governante Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) registravam 46% dos votos em nível nacional, muito acima dos 26% do principal grupo opositor, o Partido Republicano do Povo (CHP), de centro-esquerda.
Embora o AKP estivesse liderando os resultados em Istambul, a maior cidade do país, a disputa estava bastante apertada na capital, Ancara, onde os candidatos da situação e da oposição já cantaram vitória, em meio a acusações mútuas de fraude. Segundo o último boletim parcial, o AKP e o CHP tinham em torno de 44% dos votos.
Ganhador de todas as eleições desde que chegou ao poder em 2002, o AKP obteve 38,8% dos votos no último pleito municipal, em 2009, e cerca de 50% nas legislativas de 2011.
As eleições eram uma espécie de referendo para Erdogan, que governa a Turquia há 12 anos. O resultado de hoje se apresenta como um claro apoio ao primeiro-ministro, desafiado por manifestações populares nas ruas, atacado pela oposição e envolvido, há meses, em um escândalo de corrupção sem precedentes.
Os números desse domingo "provam que Erdogan sobreviveu aos escândalos sem sofrer muitos danos", disse o cientista político Mehmet Akif Okur, da Universidade Gazi, de Ancara.
O chefe de governo é considerado por seus partidários como o artífice do impressionante desenvolvimento econômico turco, mas seus críticos classificam-no como "ditador".
Apoiado pelas urnas, a expectativa agora é que Erdogan se apresente à eleição presidencial de 10 de agosto próximo, a primeira que será decidida por voto universal direto. Apesar da vitória irrefutável do AKP, não se espera o fim da crise política, que poderá aumentar com a candidatura de Erdogan.
"Certamente, vai se apresentar, o que vai enfurecer os liberais, os partidários de Gülen e a oposição laica", avalia Soner Cagaptay, do Washington Institute. Segundo ele, "Erdogan vai se tornar mais autoritário, e a Turquia vai se polarizar, com riscos de distúrbios".