O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, se recusou nesta sexta-feira a desistir de buscar um terceiro mandato, desafiando os críticos que exigem sua substituição num momento em que o país enfrenta a ameaça de fragmentação por parte de insurgentes islâmicos.
Maliki está sob crescente pressão desde que militantes do grupo agora autodenominado Estado Islâmico invadiram áreas do país no mês passado e anunciaram a formação de um califado em estilo medieval em terras tomadas no Iraque e na vizinha Síria. "Eu nunca vou desistir da minha candidatura para o cargo de primeiro-ministro", disse Maliki em um comunicado lido por um locutor na televisão estatal.
"Vou continuar a ser um soldado, defendendo os interesses do Iraque e seu povo", acrescentou, qualificando os insurgentes e seus aliados como como terroristas. Maliki se referia ao Estado islâmico e a alguns dos principais grupos armados sunitas que tomaram o controle de grande parte das regiões de maioria sunita do Iraque.
A declaração de Maliki vai complicar a luta para formar um novo governo que una o país, étnica e religiosamente dividido, algo que o Parlamento não conseguiu alcançar esta semana. Com isso, prolonga-se o impasse político que se tornou ainda mais perigoso por causa da premente ameaça à integridade territorial do Iraque.
Acusado por seus críticos de exacerbar a divisão sectária no país, Maliki está sob imensa pressão de inimigos políticos sunitas e curdos para renunciar ao cargo, e até mesmo de aliados no próprio campo xiita.