"Rambo do Iraque" vira herói na luta contra Estado Islâmico

Abu Azrael afirma que combateu o Estado Islâmico em meia dúzia de campos de batalha

17 mar 2015 - 10h57
(atualizado às 15h19)
<p>"Juro diante de Deus que não terei nenhuma clemência", afirmou Abu Azrael referindo-se aos jihadistas</p>
"Juro diante de Deus que não terei nenhuma clemência", afirmou Abu Azrael referindo-se aos jihadistas
Foto: Facebook/ABU-Azrael / Reprodução

O miliciano xiita Abu Azrael, cujo nome significa "Pai do Anjo da Morte", se converteu para milhares de iraquianos no herói sem medo que simboliza o combate ao grupo Estado Islâmico (EI).

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A página do Facebook de Abu Azrael - um homem corpulento, de cabeça raspada e espessa barba que perdeu o uso da mão direita em uma explosão - já obteve mais de 280.000 curtidas entre suas centenas de milhares de seguidores.

Abu Azrael (à direita) tem a mão direita inutilizada
Foto: Facebook/ABU-Azrael / Reprodução

Nas redes sociais, particularmente no Twitter, se multiplicam as fotos - sejam com um helicóptero de fundo ou ao lado de um leão - e comentários elogiando o combatente xiita.

Proveniente de Bagdá, Abu Azrael, cujo verdadeiro nome é Ayub Faleh al Rubaie, popularizou o slogan "Ila tahin" (esfarelar), com o qual afirma sua determinação em esmagar o Estado Islâmico.

"Juro diante de Deus que não terei nenhuma clemência", afirmou Abu Azrael referindo-se aos jihadistas.

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A AFP conversou com Abu Azrael na base militar de Speicher, perto de Tikrit, uma cidade situada 160 km ao norte de Bagdá, ocupada pelo EI em 2014 e que o exército iraquiano e as milícias tentam reconquistar.

Desvendando o Estado Islâmico

Abu Azrael tem em sua mão esquerda um punhal e no ombro carrega um fuzil M4. Os bolsos do colete militar, onde figura um escudo com seu nome, estão repletos de munições e granadas.

Abu Azrael personifica a resposta forte e determinada que centenas de milhares de iraquianos exigem frente aos milicianos do Estado Islâmico.

Simboliza a vontade de combate necessária para apagar a vergonhosa fuga do exército diante da ofensiva jihadista de 2014.

Mas o desejo de vingança combinado com um escasso controle das milícias que combatem ao lado do exército regular pode ser perigoso.

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As milícias são acusadas regularmente de violar os direitos humanos ao realizar execuções sumárias e sequestros.

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Abu Azrael afirma que combateu o Estado Islâmico em meia dúzia de campos de batalha.

Começou sua formação militar com o Exército de Mahdi, a milícia do influente chefe xiita Moqtada al-Sadr, na região de Damasco, onde participou de combates contra os rebeldes sírios que querem derrubar o presidente Bashar al-Assad.

No Iraque, Abu Azrael combateu em Amerli, uma cidade majoritariamente xiita que esteve sitiada pelos jihadistas em 2014 e onde, segundo ele, os milicianos do EI "massacraram nossos filhos com machados".

Abu Azrael personifica a resposta forte e determinada que centenas de milhares de iraquianos exigem frente aos milicianos do Estado Islâmico
Foto: Facebook/ABU-Azrael / Reprodução

Abu Azrael diz que um dos responsáveis por este massacre morreu em combate, mas que buscou os outros dois até encontrá-los para cortar sua cabeça.

Para se justificar, Abu Azrael cita uma frase do Alcorão: "Ataque-os como te atacaram".

As declarações deste guerreiro seduzem muitos iraquianos que exigem vingança pelas atrocidades cometidas pelos jihadistas, entre elas decapitações, estupros, torturas, etc.

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Abu Azrael se descreve como um homem simples, de uma família simples, pai de quatro meninas e um menino.

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"Quando levo meus filhos à escola estou tranquilo. Mas diante do Estado Islâmico mostro outra face", afirma Abu Azrael, que se nega a apontar diferenças entre sunitas e xiitas.

"Todos formamos parte de um país: Iraque", afirma. Pelo Iraque, Azrael diz estar disposto a sacrificar sua vida.

"Considero-me 100% um mártir, se for a vontade de Deus. Estou disposto a morrer, agora ou mais tarde", conclui antes de partir a uma nova batalha.

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