Reino Unido, Dinamarca e Bélgica engrossaram, nesta sexta-feira, as fileiras da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos para realizar ataques aéreos contra posições do Estado Islâmico (EI) no Iraque.
O Parlamento britânico deu sinal verde, por 524 votos a favor e 43 contra, à participação do Reino Unido na ofensiva. Mas se Cameron quiser estender a campanha para a Síria, como fez Washington, terá que voltar a pedir a permissão aos seus deputados.
O texto autoriza o "recurso aos ataques aéreos" no Iraque, mas rejeita a mobilização de tropas no terreno.
Desta forma, seis caça-bombardeiros britânicos Tornado, baseados no Chipre, poderão entrar logo em ação, mas "não esta noite", na sexta-feira, afirmou o ministro da Defesa, Michael Fallon.
O Parlamento belga também autorizou somente uma intervenção no Iraque. Outros seis aviões de combate F-16 saíram do país rumo à Jordânia e poderiam intervir "a partir de amanhã", sábado, disse o titular da Defesa, Pieter De Crem.
A Dinamarca também anunciou na sexta a mobilização de sete F-16 no Iraque. A Casa Branca saudou a adesão dos países aliados à coalizão militar que lidera no combate ao EI.
"Certamente, damos as boas vindas à recente votação celebrada no Parlamento britânico", afirmou o porta-voz da Presidência, Josh Earnest.
"Estamos contentes em ver o forte apoio dos membros do Parlamento para que efetivos militares britânicos trabalhem junto de homens e mulheres a serviço dos EUA", destacou Earnest.
Ele disse, ainda, que uma votação no Congresso belga para enviar seis caças F-16 à coalizão é um "acontecimento positivo" e também elogiou a decisão da Dinamarca de enviar sete jatos ao Iraque.
Austrália e Grécia anunciaram a entrega de material militar aos combatentes turcos no Iraque.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assegurou que a posição de seu país sobre a luta contra o EI tinha mudado após a libertação de um grupo de reféns turcos, dando a entender que poderia se unir à coalizão militar internacional contra o grupo jihadista.
Na Síria foram realizadas nesta sexta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, ataques contra as instalações petroleiras controladas pelos jihadistas na província de Deir Ezor (leste), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os ataques também se dirigiram a um centro de comando do EI, próximo a Al Mayadin, na mesma província, assim como a instalações petroleiras e a uma base dos jihadistas na província de Hasaka (nordeste), afirmou a mesma fonte.
O EI suspendeu a extração de petróleo em seis campos que controla em Deir Ezor por medo dos bombardeios americanos, ficando sem uma importante fonte de renda, informaram nesta sexta-feira os moradores da região.
"A extração do petróleo cessou por causa da situação de insegurança. Todos os campos estão parados, com exceção do de Coneco, que fornece o gás necessário para a produção elétrica de seis províncias", afirmou Leith al Deiri, que vive na cidade de Deir Ezor.
"A extração nos campos foi suspensa temporariamente. Não há intermediários, nem clientes que vão aos campos porque têm medo dos bombardeios", declarou Rayan ao Furati, que deixou Deir Ezor há dez dias, mas mantém contato com os moradores da província.
Desde julho, o EI controla a maior parte da província petroleira de Deir Ezor e a maior parte dos campos de petróleo da região, segundo o OSDH, uma ONG com sede no Reino Unido.
O EI produz mais petróleo do que o governo sírio. O ministério do Petróleo sírio estima que os jihadistas extraiam 80 mil barris diários, enquanto a produção governamental caiu até os 17 mil barris diários.
O Pentágono confirmou estes ataques sobre a Síria, que destruíram carros do EI em Deir Ezor, assim como contra posições deste grupo sunita ultrarradical na região de Kirkuk (norte do Iraque) e a oeste de Bagdá.
Um dos ataques da coalizão matou, nesta sexta-feira, um importante líder enquanto este se deslocava de moto no leste da Síria, segundo o OSDH.
Desde o início dos ataques à Síria, na terça-feira, morreram 141 jihadistas, dos quais 129 eram estrangeiros e 84 eram filiados ao EI, informou o OSDH.
O general americano Martin Dempsey afirmou que, para recuperar o território ocupado pelos jihadistas na Síria, é necessária uma força de 12 mil a 15 mil rebeldes.
Enquanto isso, na fronteira da Turquia com a Síria, centenas de curdos derrubaram a cerca que separa os dois países e entraram em território sírio com o fim de se unir às forças curdas que lutam contra os jihadistas.
Várias cerimônias foram celebradas em memória de Hervé Gourdel, o guia montanhista francês, decapitado na Argélia pelo grupo jihadista Yund al Jilafa, vinculado ao EI.
"Nós, muçulmanos da França, dizemos chega de barbárie", afirmou o presidente do Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), Dalil Boubakeur, perante a Grande Mesquita de Paris, onde centenas de pessoas, inclusive representantes de outros cultos e políticos de diferentes partidos, lembraram Gourdel.
Segundo os serviços secretos americanos, mais de 15 mil combatentes de mais de 80 países diferentes se uniram às fileiras dos grupos jihadistas no Iraque e na Síria.