Sem nada a perder, morador apoia 'resistência' contra Israel

Desempregado e com sua casa bombardeada, Nidal al-Khaldi, 42 anos, espera ver mais palestinos como "mártires"

4 ago 2014 - 18h21
(atualizado às 18h26)
Palestinos caminham entre prédios bombardeados, nesta segunda-feira, em bairro de Gaza
Palestinos caminham entre prédios bombardeados, nesta segunda-feira, em bairro de Gaza
Foto: Mahmud Hams / AFP

Diante de sua casa reduzida a ruínas por um bombardeio israelense, Nidal al-Khaldi diz apoiar a "resistência" e aceita que haja mais "mártires" palestinos para que a "vitória" seja conquistada. Em Al-Buraj, no subúrbio da cidade de Gaza, as ruas estão cobertas de pó, escombros, carcaças de veículos e cabos de energia elétrica. Esse conflito devastador deixou em 28 dias mais de 1,8 mil palestinos mortos, a maioria civis, assim como 63 soldados israelenses e quatros civis em Israel.

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Nidal, um desempregado de 42 anos, caminha em meio às ruínas de sua casa. Na noite anterior, os tanques do "inimigo" bombardearam o local, relata. "Por culpa deles, já não temos casa. Aqui viviam sete famílias, mas agora estamos todos na rua. Mas esta guerra vai continuar. Não tenho problema quanto a isso. A resistência pode continuar", afirma.

"Temos 1,8 mil mártires. E o que a comunidade internacional faz? Nada, absolutamente nada. Vivemos em uma prisão a céu aberto. Israel destrói nossas casas, mata nossos filhos e até nossos animais. Alguém tem que fazer alguma coisa. Estamos dispostos a sacrificar nossas casas e nossos filhos pela vitória", acrescenta. 

"Aqui não há trégua, apenas tanques. Chovem bombas. A cada dois minutos, os tanques israelenses nos bombardeiam", diz revoltado Murad, 28 anos, em Zanna, subúrbio de Khan Yunis (sul). O barulho dos ataques dos tanques israelenses invade as zonas urbanas de Gaza. As ambulâncias com as sirenes ativadas passam em zigue-zague para abrir caminho.

"A 15 metros daqui, ainda há pessoas presas entre os escombros. Ouvimos seus gritos, mas, por enquanto, não podemos ir até lá, é perigoso demais", explica Murad, cercado de aproximadamente 20 jovens indignados, convencidos de que a guerra vai continuar. "Simplesmente, temos mártires demais. Não resta outra opção a não ser mantermos esta guerra", disse um deles, antes de desparecer.

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Em outra parte de Gaza, em Rafah, perto da fronteira com o Egito, o Exército israelense está bombardeando. Alguns palestinos insistem que a "vitória" é possível. "A resistência está mais forte do que nunca e segue se reforçando", disse Musleh, diante de um hospital no subúrbio da cidade de Gaza que continua recebendo corpos. 

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