Os países ricos estão desamparando a África, já que as promessas de apoio financeiro e de alívio nas dívidas estão aquém das necessidades do continente enquanto enfrenta a pandemia de Covid-19, disseram vários presidentes africanos nesta terça-feira.
Economias desenvolvidas canalizaram trilhões de dólares para iniciativas de saúde e estímulos econômicos em casa, mas os líderes de Quênia, Costa do Marfim, Serra Leoa, Senegal e Níger disseram que não podem arcar com tais medidas em seus próprios países.
"Não estamos em condição de proteger empresas, de preservar empregos. Há uma injustiça que está sendo exposta novamente pela Covid-19", disse o presidente senegalês, Macky Sall, durante uma mesa-redonda virtual organizada pelo centro de estudos Instituto Fórum de Nova York.
Embora a África, com sua capacidade limitada de realizar exames, só tenha registrado uma fração dos casos de coronavírus pelo mundo, vem sendo atingida duramente pelas consequências econômicas dos transtornos no comércio global, pela queda dos preços do petróleo e das commodities e pelos isolamentos adotados para combater a disseminação da doença.
A África pediu um pacote de estímulo de 100 bilhões de dólares às nações ricas, o perdão das dívidas bilaterais e a suspensão do serviço de dívidas privadas.
"É preciso fazer mais", disse o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, ex-funcionário de alto escalão do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Tem havido um egoísmo da parte das nações industrializadas há décadas."