Oito anos de espera. Esse é o tempo que a palestina Marah Baker esperou para reencontrar sua mãe e voltar para casa. Ela foi presa em 2015, quando ainda tinha 15 anos, e foi libertada pelo governo israelense nesta sexta-feira, 24.
A jovem de 24 anos é uma das 39 pessoas que foram libertadas em troca de 13 prisioneiros do Hamas, em um acordo mediado pelo Qatar que inclui uma trégua de quatro dias em Gaza.
De acordo com a reportagem da Al Jazeera, Marah estava no ensino médio e tinha que transitar diariamente entre Jerusalém Ocidental e Oriental para estudar. No dia 12 de outubro de 2015, enquanto voltava para casa, forças israelenses atiraram e prenderam a jovem por supostamente tentar esfaquear um oficial israelense.
Quando foi presa, ela estava deitada na calçada com 12 ferimentos de tiros no braço e na mão, que a deixaram com sequelas. Ela foi condenada a oito anos e seis meses de prisão, mas a família nega as acusações.
Ao ser libertada, Marah correu para os braços da mãe, em um encontro emocionante. A jovem contou à reportagem que o momento foi muito difícil, mas que suportou tudo graças à fé em Deus, o apoio da família e de outros prisioneiros que estavam lá.
Palestinian Marah Baker embraces her mother after being released from an Israeli prison. Marah was arrested in 2015, and had been in prison since then. She was 15 at the time of her arrest. pic.twitter.com/G5dU1hvrtl
— 🇵🇸 noorii 🇵🇸 (@inejmydarling) November 24, 2023
“Houve muitos momentos difíceis na prisão, mas, assim como qualquer outra pessoa que passa pela vida, eles passaram. A prisão foi especialmente difícil porque eu era jovem e precisava do amor da minha mãe e do apoio da minha família”, afirma.
Marah soube que havia um acordo sendo negociado, mas não tinha detalhes e nem sabia se seria libertada. A informação só chegou à ela na manhã de sexta. Pouco antes de sua libertação, forças israelenses invadiram sua casa e pediram a todos os parentes e convidados que saíssem.
O pai de Baker, Jawdat, foi levado para interrogatório em uma delegacia de polícia em Jerusalém, e advertido a respeito de qualquer sinal de alegria e celebração com a libertação da filha. “Marah voltou para casa para nós hoje. Acabamos de recebê-la, mas eles [as forças israelenses] ameaçaram invadir a casa e me prender se comemorarmos”, disse ele à Al Jazeera.
De acordo com a ONG Palestinian Prisoners’ Club NGO, 33 prisioneiros foram libertados na Cisjordânia e entregues a uma equipa do Comité Internacional da Cruz Vermelha, enquanto outros seis foram libertados em Jerusalém.
A ONG afirmou num comunicado que o governo israelita estabeleceu diversas condições que proíbem os prisioneiros libertados e as suas famílias de falar à imprensa, receber convidados em casa ou distribuir doces em comemoração. Aqueles que não cumprirem as regras poderão ser multados em cerca de 70 mil shekels (US$ 18.740).
Conflito Israel-Gaza e reféns
De acordo com o Reuters, comandantes israelenses prometeram libertar todos os reféns enquanto se preparam para prosseguir a campanha em Gaza, iniciada na sequência do ataque do Hamas, no qual 1.200 israelenses e estrangeiros foram mortos, no início do mês passado.
Durante os conflitos, cerca de 14 mil palestinos foram mortos nos bombardeios israelenses de Gaza e na operação terrestre iniciada, e as Forças de Defesa de Israel dizem que estão se preparando para a próxima fase da operação assim que a trégua terminar.
O Hamas tem liberado reféns com a condição de que Israel solte prisioneiros palestinos, conforme foi acordado em um cessar-fogo no conflito que se estende na região desde o dia 7 de outubro, data do atentado terrorista do grupo contra Israel.
Nos próximos quatro dias, 150 prisioneiros palestinos e 50 reféns israelitas serão libertados.