Pandemia aprofunda desigualdades na Itália, diz relatório

26,6% dos filhos arriscam um "rebaixamento" socioeconômico

3 jul 2020 - 14h32
(atualizado às 15h23)

Assim como tem acontecido em diversos países do mundo, a pandemia do novo coronavírus aprofundou as desigualdades sociais na Itália, que chegou a ser, entre março e abril, a nação mais afetada pela crise sanitária.

Protesto de vendedores de rua em frente ao Parlamento da Itália, em Roma
Protesto de vendedores de rua em frente ao Parlamento da Itália, em Roma
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira (3) pelo Instituto Nacional de Estatística (Istat), o equivalente italiano ao IBGE, a pandemia "atingiu maiormente as pessoas mais vulneráveis, como testemunham as diferenças sociais encontradas no excesso de mortalidade causado pela Covid-19".

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No documento, o Istat diz que o incremento da mortalidade no país penalizou sobretudo as faixas de população menos instruídas, enquanto o enxugamento do mercado de trabalho afetou principalmente mulheres e jovens, mais presentes no setor de serviços.

"A epidemia exacerbou as significativas desigualdades que afligem nosso país", afirma o instituto. Além disso, de acordo com o Istat, o fechamento das escolas, que só reabrirão em setembro, no início do próximo ano letivo, pode produzir um "aumento das desigualdades entre as crianças".

"No biênio 2018/19, 12,3% dos menores entre seis e 17 anos (850 mil pessoas) não tinham computador nem tablet, cota que sobe para 19% no Mezzogiorno [nome dado às regiões do sul da Itália, menos desenvolvido que o norte]", ressalta o relatório, exemplificando as dificuldades relativas ao ensino a distância.

Ainda de acordo com o Istat, 26,6% dos filhos arriscam um "rebaixamento" socioeconômico em relação aos pais. É a primeira vez na série histórica que o relatório aponta ser mais fácil cair do que subir (24,6%) na escala social na comparação com a geração anterior.

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Hospitais

O Istat também divulgou um número que pode ajudar a explicar o drama vivido pela Itália na pandemia entre março e abril, com quase mil mortes por dia e hospitais à beira do colapso.

Segundo o instituto, a oferta de leitos hospitalares no país se reduziu "notavelmente" ao longo do tempo: de 356 mil em 1995 (6,3 para cada mil habitantes) para 211 mil em 2018 (3,5 para cada mil habitantes). A média de leitos hospitalares na União Europeia é de cinco para cada mil habitantes, enquanto na Alemanha esse índice sobe para oito.

Após ter controlado a pandemia, a Itália tem agora 241.184 casos e 34.833 mortes, de acordo com o Ministério da Saúde.

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