A pandemia de covid-19 está causando uma crise de saúde mental nas Américas devido ao estresse maior e ao uso de drogas e álcool durante os seis meses de medidas de isolamento e confinamento domiciliar, disse a diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira.
A pandemia também provoca o problema relacionado do aumento da violência doméstica contra mulheres, disse Carissa Etienne em uma entrevista coletiva virtual realizada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Washington.
"A pandemia de covid-19 causou uma crise de saúde mental em nossa região em uma escala que nunca vimos antes", disse. "É urgente que o apoio de saúde mental seja considerado um componente crítico da reação à pandemia".
Etienne pediu que os governos ampliem os serviços de saúde mental e priorizem a saúde mental como parte de sua reação à pandemia.
Muitas pessoas estão estressadas pelo medo de desenvolver a doença grave causada pelo novo coronavírus, enquanto médicos, enfermeiros e profissionais de saúde estão trabalhando mais horas do que nunca e arriscando as vidas nos hospitais, disse ela.
Etienne também disse que é preciso dar atenção ao aumento dos episódios de violência doméstica.
"As medidas de confinamento domiciliar em vigor, somadas aos impactos sociais e econômicos deste vírus, estão aumentando os riscos de violência doméstica - o lar não é um local seguro para muitos", disse.
Os serviços de assistência por telefone cresceram na Argentina, Colômbia e México, mas a verdadeira abrangência da violência doméstica durante a pandemia de covid-19 provavelmente está sendo subestimada, já que as sobreviventes estão isoladas em casa e os serviços assistenciais não estão funcionando, alertou Etienne.
"Com o contato com amigos e familiares reduzido ou barreiras no acesso a serviços e abrigos, estamos deixando as sobreviventes sem ter para onde ir", disse.
Os casos de coronavírus nas Américas chegam a quase 11,5 milhões, e mais de 400 mil pessoas já morreram devido à pandemia, segundo a diretora regional da OMS.
A região continua a suportar o fardo mais pesado da doença, já que acumula 64% das mortes globais relatadas oficialmente, apesar de ter 13% da população mundial. Os maiores impulsionadores do número de casos são Estados Unidos e Brasil, disse.
Mas há cada vez mais casos no Caribe, e infecções novas estão em alta no Peru, República Dominicana, Jamaica, Bahamas e Trinidade e Tobago.