A pandemia do novo coronavírus não mostra "sinais de desaceleração" nas Américas, disse a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta terça-feira diante da chegada do vírus nas Guianas na costa nordeste do continente e em meio a picos na Bolívia, Equador, Colômbia e Peru.
Carissa Etienne disse em um briefing virtual da sede da Opas em Washington que alguns países da América Central estão registrando seu maior aumento semanal de casos desde a chegada do vírus.
Ela acrescentou que, devido ao alto fardo de doenças infecciosas e condições crônicas nas Américas, três em cada dez pessoas --325 milhões-- estão correndo "risco aumentado" de desenvolver complicações pela Covid-19.
"O impacto de comorbidades na disseminação do vírus deveria ser um grito de alerta a todos os países das Américas: usem dados para adaptar sua reação e fazer da saúde sua maior prioridade", disse.
Ela ressaltou os 900 mil casos novos e as quase 22 mil mortes relatadas na região ao longo da semana passada, a maioria no Brasil, México e Estados Unidos.
Etienne disse que há locais dignos de elogio: Chile, Argentina e Uruguai fizeram um "progresso importante" no fortalecimento da vigilância contra a gripe e os programas de vacinação e houve uma circulação "muito baixa" da gripe neste ano, também ressaltando o valor das medidas de prevenção contra a Covid-19, como lavar as mãos e manter o distanciamento social.
Ela disse que vários países caribenhos implantaram restrições de viagem eficazes para controlar focos de surto, e como resultado conseguiram retomar as viagens não-essenciais.
Mas autoridades da Opas alertaram que reabrir para atrair a renda do turismo é algo a ser feito gradualmente e que fazer exames antes de viajar pode criar uma sensação de segurança falsa.
As autoridades acrescentaram que, embora os desenvolvimentos de vacinas sejam auspiciosos, ainda podem surgir problemas durante o processo prolongado de disponibilizá-las às populações e que a prevenção deve continuar sendo a prioridade para os governos das Américas.