O papa Francisco disse em um novo livro que consegue se identificar com as pessoas em unidades de tratamento intensivo que temem morrer de coronavírus por causa de sua experiência quando parte de seu pulmão foi retirado, 63 anos atrás.
Jornais italianos publicaram nesta segunda-feira trechos de "Let Us Dream: The Path to A Better Future", que será lançado no mês que vem.
No livro, em uma conversa com um de seus biógrafos, o britânico Austen Ivereigh, Francisco usa alguns dos termos mais pessoais que já empregou para falar da época em que estava pairando entre a vida e a morte.
"Sei por experiência própria o sentimento daqueles que estão doentes com o coronavírus, lutando para respirar enquanto estão ligados a ventilador", disse.
Francisco era um seminarista de 21 anos no segundo ano dos estudos para o sacerdócio em sua nativa Buenos Aires quando uma doença mal diagnosticada como uma gripe piorou e ele foi hospitalizado.
"Eles tiraram cerca de 1,5 litro de água de um pulmão, e eu estava entre a vida e a morte", contou.
Vários meses depois, médicos retiraram o lóbulo superior de seu pulmão direito. Hoje em dia, o pontífice de 83 anos fica ofegante depois de subir escadas.
Francisco lembra como uma freira que trabalhava como enfermeira ajudou a salvar sua vida dobrando em segredo as doses de penicilina e estreptomicina que um médico havia prescrito.
"Graças ao seu contato frequente com doentes, elas sabia o que os pacientes precisavam melhor do que o médico e teve a coragem de usar esta experiência."