O papa Francisco disse acreditar que é necessário investigar se Israel está cometendo atos de genocídio na Faixa de Gaza, em meio ao conflito com o grupo fundamentalista islâmico Hamas que já dura mais de um ano.
O Pontífice justifica o pedido em seu novo livro "La speranza non delude mai. Pellegrini verso um mondo migliore" ("A esperança nunca decepciona. Peregrinos por um mundo melhor", em português), cuja prévia foi publicada neste domingo (17) pelo jornal italiano "La Stampa".
"Segundo alguns especialistas, o que está acontecendo em Gaza tem características de genocídio. Devemos investigar cuidadosamente para determinar se isso se enquadra na definição técnica formulada por juristas e organismos internacionais", afirmou o Pontífice na obra.
"Penso sobretudo naqueles que saem de Gaza no meio da fome que atinge os seus irmãos palestinos diante da dificuldade de levar alimentos e ajuda ao seu território", acrescentou.
De acordo com Jorge Bergoglio, no Oriente Médio existem "as portas abertas de nações como a Jordânia ou o Líbano, que continuam a ser a salvação para milhões de pessoas que fogem dos conflitos na região".
O volume, editado por Hernán Reyes Alcaide (Edizioni Piemme), será lançado na próxima terça-feira (19) na Itália, Espanha e América Latina, e depois em vários outros países, por ocasião do Jubileu de 2025.
No livro, o líder da Igreja Católica faz reflexões sobre geopolítica, família, clima, educação, realidade social e econômica global e migração.
Para ele, há "uma globalização da indiferença" que deve ser respondida "com a globalização da caridade e da cooperação", especialmente em questões como o atual fenômeno das migrações.
Perante o desafio da migração "nenhum país pode ficar sozinho e ninguém pode pensar em abordar a questão isoladamente através de leis mais restritivas e repressivas, por vezes aprovadas sob a pressão do medo ou em busca de vantagens eleitorais", destacou.
Segundo Francisco, "os países de origem dos maiores fluxos migratórios devem ser envolvidos em um novo círculo virtuoso de crescimento econômico e de paz que inclua todo o planeta".
"Para que a migração seja uma decisão verdadeiramente livre, é necessário fazer todo o possível para garantir a participação igualitária de todos no bem comum, o respeito pelos direitos fundamentais e o acesso ao desenvolvimento humano integral", considera.
Neste sentido, "só se esta plataforma básica for garantida em todas as nações do mundo poderemos dizer que quem migra o faz livremente e poderemos pensar numa solução verdadeiramente global para o problema".
"Para alcançar este cenário devemos dar o passo preliminar fundamental para pôr fim às condições comerciais desiguais entre os diferentes países do mundo", apela Francisco.
Segundo a denúncia, existe "uma realidade que consiste apenas em uma transação entre subsidiárias que saqueiam os territórios dos países pobres e enviam os seus produtos e rendimentos" para os países desenvolvidos.
Além disso, enfatiza que acompanhou de perto as mobilizações massivas de estudantes em diversas cidades e conhece algumas das ações com as quais eles lutam por um mundo mais justo e atento à proteção do meio ambiente".
"Atuam com preocupação entusiasmo e principalmente senso de responsabilidade diante da urgente mudança de rumo que nos é imposta pelos problemas decorrentes da atual crise ética e socioambiental", lembrou.
Por fim, Bergoglio alertou que "o tempo está se esgotando, não resta muito para salvar o planeta e eles vão, saem e afirmam-se.
E não o fazem só por si próprios, fazem por nós e por quem vem depois".
"São vários exemplos de como este diálogo intergeracional pode levar a uma aliança aplicada ao cuidado da nossa casa comum.
Estou pensando em alguns projetos que se preocupam em transmitir a riqueza de conhecimentos e valores da produção alimentar local que nossos avós possuíam, com o objetivo de aplicá-los com a ajuda dos meios que hoje temos à nossa disposição para avançar na defesa e promoção da biodiversidade alimentar", concluiu.
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