O papa Francisco revelou nesta terça-feira (3) que está disposto a viajar a Moscou para se reunir com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas que não recebeu nenhuma resposta do Kremlin.
Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, o líder da Igreja Católica disse que, 20 dias após o início da invasão russa à Ucrânia, pediu para o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, "fazer chegar a Putin" a mensagem de que ele estava "disposto a ir a Moscou".
"Claro, era necessário que o líder do Kremlin abrisse alguma janela. Ainda não tivemos resposta e estamos insistindo, ainda que eu tema que Putin não possa ou não queira fazer esse encontro neste momento. Mas como se faz a não parar tamanha brutalidade?", afirmou Francisco.
Além disso, o Papa confirmou que, "por enquanto", não irá a Kiev, capital da Ucrânia. "Sinto que não devo ir. Preciso primeiro ir a Moscou, primeiro devo encontrar Putin. Mas eu também sou um padre, o que posso fazer? Faço aquilo que posso. Se Putin abrisse a porta...", acrescentou.
Questionado se o líder da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo, poderia ser capaz de convencer o presidente a recebê-lo, Jorge Bergoglio indicou que não acredita nessa possibilidade.
"Falei com Cirillo por 40 minutos via zoom. Nos primeiros 20, com uma carta nas mãos, ele leu todas as justificativas para a guerra. Escutei e lhe disse: 'Não entendo nada disso. Irmão, não somos clérigos de Estado, não podemos utilizar a linguagem da política, mas sim a de Jesus. Por isso, devemos buscar caminhos de paz, fazer cessar o fogo das armas. O patriarca não pode se transformar no coroinha de Putin'", declarou.
Francisco e Cirilo tinham um encontro previsto para 14 de junho, em Jerusalém, no que seria a segunda reunião presencial entre eles, mas ambos desistiram da ideia. "Até ele está de acordo que poderia passar um sinal ambíguo", disse o pontífice.