Para onde vai a Venezuela? 4 possíveis cenários após a onda de protestos no país

26 abr 2017 - 13h09
(atualizado às 13h24)
Os protestos na Venezuela já duram três semanas
Os protestos na Venezuela já duram três semanas
Foto: EFE

Em conversas informais, muitos venezuelanos estão certos de que o país passará por um golpe de Estado, uma intervenção estrangeira, ou um massacre.

No entanto, eles também sabem que prever o futuro, por mais que lhes apeteça, é mais difícil neste país do que em quase todas as outras partes do mundo.

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Em meio a uma onda de protestos que, segundo as autoridades, deixaram 26 mortos e centenas de feridos, traçar cenários é extremamente complicado.

"Há mais ruído que sinais", diz Luis Vicente León, consultor e pesquisador especializado em assuntos venezuelanos.

Mas apesar da dificuldade, especialistas acreditam em quatro possíveis desdobramentos.

Grupos opositores mais violentos e radicais poderão ter papel decisivo nos desdobramentos da crise
Foto: EFE

1. Mais confrontos

Violência e ebulição social já vêm crescendo na Venezuela. De acordo com o grupo de estudos Observatório de Conflitos Sociais, são em média de 60 homicídios e 18 protestos a cada dia.

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Mas a violência ainda pode crescer.

"O cenário mais provável é que tenhamos mais repressão e autoritarismo", diz Nicmer Evans, cientista político e ativista de esquerda.

Evans está convencido de que, nessa nova onda de protestos, há grupos "armados, estruturados e financiados" por opositores do governo socialista de Nicolás Maduro - de quem o cientista político se afastou em tempos recentes.

"É pouco provável que os grupos mais radicais de ambos os lados se tranquilizem facilmente", completa Luis Vicente León.

A grande pergunta é se o enfrentamento será generalizado ou localizado.

"A pressão popular, se for massiva ou organizada, pode traduzir-se em ingovernabilidade e mudanças políticas, mas também resultar em um cenário de guerra de guerrilhas", diz León.

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2. Nada acontece

Um cenário "sem solução" não é descartável na Venezuela.

"Em países como Colômbia, Peru e Síria, os problemas (conflitos civis) persistiram sem que houvesse uma solução", exemplifica Leon.

Assim como a escassez de produtos básicos e remédios na Venezuela já se tornou uma coisa comum, ao ponto de muitas pessoas viverem uma rotina diária de longas filas, também se pode projetar um cenário em que a violência política fique mais localizada e um certo tipo de normalidade volte a vigorar no país.

3. Restabelecimento de diálogo

Líderes da oposição exigem algum tipo de gesto de boa vontade do governo para dialogar ou pedir que seus partidários saiam das ruas.

Isso pode ser a liberação de pessoas consideradas presos políticos ou o restabelecimento de poderes reais ao Legislativo, bem como uma reforma eleitoral e judicial.

Outra questão é que, em ocasiões anteriores de diálogo com o governo, partidários da oposição viram os resultados como fracassos e tentativas da administração Maduro de ganhar tempo.

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"É provável que neste momento haja algum tipo de negociação", diz Evans.

"Não se pode descartar que o governo tente acalmar as ruas e a oposição com a convocação de eleições presidenciais para 2018."

4. Golpe de Estado ou renúncia de Maduro

Há duas possibilidades mais extremas, porém consideradas menos prováveis por analistas.

Uma delas é um golpe de Estado levado a cabo por militares, em que o Exército colocaria pressão sobre o governo para coibir a violência e dar à oposição algum tipo de espaço.

Recentemente, a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, pediu que o governo respeitasse a ordem constitucional, um pronunciamento que deu margem à especulação de que os poderes podem entrar em consenso para evitar que o país caia no autoritarismo.

No entanto, Maduro se mantém no poder em parte graças a uma aliança com os militares, em que dezenas de cargos ministeriais foram distribuídas pelas Forças Armadas.

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Por isso, especialistas acreditam que seja pouco provável que o Exército se organize para derrubar o presidente.

Outra possibilidade é Maduro renunciar.

"Há, claro, a possibilidade de que o governo, sem o apoio dos militares e com um grande acordo internacional, renuncie. Mas não creio que isso vá acontecer", diz León.

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