A Assembleia Nacional da Coreia do Sul aprovou neste sábado (14) a abertura de um processo de impeachment contra o presidente de direita Yoon Suk-yeol, acusado de insurreição na tentativa fracassada de impor uma lei marcial que durou apenas seis horas.
A moção apresentada pela oposição recebeu 204 votos a favor em escrutínio secreto, de um total de 300 possíveis, além de 85 contra e três abstenções. Outros oito foram anulados. Eram necessários pelo menos 200 para garantir que o impeachment do chefe de Estado avançasse.
Como o bloco de oposição conta com 192 assentos no Parlamento, pelo menos 12 deputados do Partido do Poder Popular, legenda de Yoon, votaram a favor da deposição do presidente, que será julgado pela Corte Constitucional e ficará suspenso do cargo durante a realização do processo.
Com isso, a presidência será assumida interinamente pelo premiê Han Duck-soo, aliado de Yoon. Essa foi a segunda moção de impeachment apresentada pela oposição, mas a primeira, em 7 de dezembro, não alcançou os votos necessários porque o Partido do Poder Popular boicotou a votação na esperança de convencer o chefe de Estado a renunciar.
No entanto, diante da resistência de Yoon, a legenda decidiu participar da votação neste sábado. "Vamos fazer todos os esforços necessários para dar um governo estável ao país", garantiu Han.
Em um discurso na TV, Yoon aceitou "se colocar à parte um pouco", mas acrescentou que "a viagem para o futuro não pode parar" e cobrou o fim da "política dos excessos e dos confrontos".
A crise foi desencadeada na noite de 3 de dezembro, com a imposição de lei marcial por parte do presidente afastado, com a desculpa de combater uma suposta ameaça de "espiões" da Coreia do Norte.
Em seguida, o Exército determinou o fechamento do Parlamento, a proibição de protestos e a suspensão de atividades partidárias, porém a Assembleia Nacional aprovou por unanimidade a revogação da lei marcial e, diante da resistência política e popular, Yoon teve de recuar.
O episódio ocorreu na esteira de disputas entre o governo e a oposição sobre a lei orçamentária e de acusações de corrupção envolvendo o entorno do presidente.
Essa é a segunda vez que um chefe de Estado na Coreia do Sul é alvo de um processo de impeachment: a outra foi em 2017, com Park Geun-hye, em meio a um escândalo de corrupção e abuso de poder.
A Corte Constitucional terá agora até 180 dias para julgar Yoon. Em caso de condenação, o país realizará novas eleições presidenciais em até 60 dias depois da sentença. .