A menos de cinco meses de o Reino Unido se desfiliar da União Europeia, os parlamentares responsáveis por contabilizar os votos no partido da primeira-ministra britânica, Theresa May, estão em plena ação.
Encarregados de fazer com que o Parlamento apóie qualquer acordo do Brexit que May acerte com Bruxelas, por ora eles estão adotando uma abordagem suave -- mas seu chefe, Julian Smith, e sua equipe têm um arsenal poderoso ao seu dispor para colocar os políticos na linha.
Como é mais provável que um acordo seja apresentado aos parlamentares no final deste ano, a equipe de May e os arregimentadores de votos que ela nomeou estão sondando discretamente quem pode votar contra o pacto, disseram vários políticos à Reuters.
Na falta de uma maioria parlamentar, May ficará refém não somente de seu Partido Conservador profundamente dividido, mas também do partido da Irlanda do Norte que sustenta seu governo.
A tarefa nunca prometeu ser fácil, mas parece ainda mais difícil desde a renúncia de Jo Johnson, ministro dos Transportes e irmão de Boris Johnson, defensor firme do Brexit. Também existem indícios de que outros membros do governo podem tomar o mesmo rumo e de que pode surgir uma rebelião no norte-irlandês Partido Unionista Democrático.
Até agora a tática dos arregimentadores de votos não pareceu surtir efeito.
Alguns conservadores eurocéticos têm sido cortejados para serem persuadidos a apoiar o governo, inclusive no escritório de May em Downing Street.
Outros, inclusive alguns membros do opositor Partido Trabalhista, têm sido convidados para reuniões particulares nas quais foram indagados sobre suas opiniões e submetidos a longas explicações da posição da premiê.
"Não mudarei de ideia, não importa quão bom possa ser o jantar", disse um parlamentar conservador sob condição de anonimato, explicando que recusou três convites de Downing Street para tal ocasião.
"Está claro que eles estão tentando selecionar pessoas que acreditam poderem ser maleáveis... mas francamente, em primeiro lugar, antes que eles cheguem a este ponto, deveriam ser capazes de explicar o que o governo fará, e até o momento ninguém faz ideia".