Abdulhameed Alyousef mora em Khan Sheikhoun, cidade no noroeste da Síria dominada por rebeldes que foi alvo de um suposto ataque químico na semana passada, que deixou 89 mortos.
Sua casa foi atingida pelo ataque, mas ele tinha conseguido levar seus filhos gêmeos de nove meses, Aya e Ahmed, para fora da casa antes, e os três escaparam ilesos.
Ele deixou os gêmeos com sua mulher, Dalal, e enquanto ajudava vizinhos a retirar crianças de suas casas, ouviu que a casa de sua família - em que viviam seus pais, irmãos e sobrinhos - também tinha sido atingida.
"Corri para casa. Logo que entrei, vi meu irmão Yasser morto. Meu outro irmão, Abdulkareen, morto
Shaima, minha sobrinha, morta. Hammoud, meu sobrinho, morto. Ammar, morto."
Ao tentar ajudar uma sobrinha, ele desmaiou e foi levado ao hospital. Quando acordou, perguntou por sua mulher e filhos, e soube que eles tinham morrido.
"Que culpa eles têm? Meu amores... Fui ajudar os outros e pensei que meus filhos estavam bem
Encontrei eles mortos quando voltei. Ficamos tão pouco tempo juntos...", disse.
"Alá os vingará. Que Alá os receba."
Ao todo, Alyousef perdeu 22 familiares nesse dia: a mulher, os filhos, dois irmãos, seus pais e vários sobrinhos e sobrinhas.
Khan Sheikhoun foi atingida por três explosões na manhã de terça-feira da semana passada. Em seguida, foi alvejada por um foguete, que atingiu um hospital que tratava os feridos - e centenas apresentaram sintomas típicos de reações a gás nervoso.
Os Estados Unidos acusam o governo sírio de ter empregado armas químicas contra os rebeldes.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, nega e diz que o ataque aéreo deve ter atingido um depósito em que rebeldes armazenavam armamentos desse tipo.